Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Hoje gostaria de saber algo sobre Antônio Marinho.
Papa – Sem dúvida os deuses do improviso sempre estiveram presentes na vida desse fenomenal cantador que nasceu em 1887 no Sítio Angico Torto, São José do Egito (PE), foi pai de Helena esposa de Lourival Batista. As transcrições abaixo, retiradas de livros consagrados indicam um minúsculo fragmento da obra desse gênio da cantoria.
De “São José do Egito – Musa do Pajeú”, de autoria de Terezinha Costa, retiramos a primeira estrofe sobre o pôr-do-sol e a segunda do poema o “País e a Roseira”:
– Morre o dia a noite surge
à hora do pôr-do-sol
soluçando a vaca muge
procurando outro arrebol.
É quando o poeta chora
recordando nessa hora
um dia dos dias seus.
E olhando pra velhice
saudoso da meninice
Envia à infância um adeus.
– O país é uma roseira
a pobreza é a raiz
no trabalho a primeira
na sorte a mais infeliz.
A haste é a escadaria
por onde a aristocracia
sobre degraus à vontade
deputados, senadores
desta roseira são flores
sem responsabilidade.
Do livro “Poetas Encantadores”, de Zé de Cazuza, extraímos:
– A umburana de cheiro
Para a pessoa que masca,
Se acaso tiver pigarro
Na garganta desenrasca,
Fazem santo do miolo
Eu melhorei com a casca.
Quando apareceu sapato
Pé de poeira calçou meia,
Pó de arroz, ruge e batom
Deram fim a moça feia,
O botão rápido acabou
Com costura de correia.