03 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Hoje gostaria de saber algo sobre Antônio Marinho.

Papa – Sem dúvida os deuses do improviso sempre estiveram presentes na vida desse fenomenal cantador que nasceu em 1887 no Sítio Angico Torto, São José do Egito (PE), foi pai de Helena esposa de Lourival Batista. As transcrições abaixo, retiradas de livros consagrados indicam um minúsculo fragmento da obra desse gênio da cantoria.

De “São José do Egito – Musa do Pajeú”, de autoria de Terezinha Costa, retiramos a primeira estrofe sobre o pôr-do-sol e a segunda do poema o “País e a Roseira”:

– Morre o dia a noite surge

à hora do pôr-do-sol

soluçando a vaca muge

procurando outro arrebol.

É quando o poeta chora

recordando nessa hora

um dia dos dias seus.

E olhando pra velhice

saudoso da meninice

Envia à infância um adeus.

– O país é uma roseira

a pobreza é a raiz

no trabalho a primeira

na sorte a mais infeliz.

A haste é a escadaria

por onde a aristocracia

sobre degraus à vontade

deputados, senadores

desta roseira são flores

sem responsabilidade.

Do livro “Poetas Encantadores”, de Zé de Cazuza, extraímos:

– A umburana de cheiro

Para a pessoa que masca,

Se acaso tiver pigarro

Na garganta desenrasca,

Fazem santo do miolo

Eu melhorei com a casca.

Quando apareceu sapato

Pé de poeira calçou meia,

Pó de arroz, ruge e batom

Deram fim a moça feia,

O botão rápido acabou

Com costura de correia.