Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Conte-nos algo sobre a obra de Antônio Pereira.
Papa – O poeta Antônio Pereira de Morais nasceu no sítio Mineiro, em Livramento (PB), em 1911. Traduzido no meio poético como aquele que melhor definiu, em belas estrofes, a palavra saudade. Assim fala sobre ele Terezinha Costa: “…conhecido como “Poeta da Saudade” porque dedicou a maior parte dos seus versos a falar sobre ela. E ninguém daria tão maravilhosas definições”.
Em seu livro “São José do Egito – A musa do Pajeú” a poetisa Terezinha Costa registra várias estrofes sobre o assunto saudade e classifica as duas primeiras como clássicas. Não há como discordar.
– Saudade é um parafuso
que dentro da rosca cai
só entra se for torcendo
porque batendo não vai
e quando enferruja dentro
pode quebrar que não sai.
– Quem quiser plantar saudade
primeiro escalde a semente
só plante na terra seca
onde bata o sol mais quente
pois se plantar no molhado
quando nascer nata gente.
Da mesma obra extraímos as seguintes pérolas:
“Saudade é como resina no amor de quem padece”
– Saudade é como resina
no amor de quem padece.
O pau que resina muito
não morre mais adoece
é como quem tem saudade
não morre mas não esquece.
– Saudade é como cobreiro
desses que dão na cintura.
Saudade é baioneta
no peito da criatura:
tocou no gume se corta
tocou na ponta se fura.
Luís Wilson nos traz em “Roteiro dos velhos cantadores e poetas populares do Sertão” esta filosofia poética, fora do tema preferido pelo poeta paraibano:
Nós somos as rosas que caem
Pra debaixo da roseira,
Quem chega pisa por cima
E tira as de cima e cheira
Que aquelas que estão no chão
Não acham mais quem as queiram.