04 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Conte-nos algo sobre a obra de Antônio Pereira.

Papa – O poeta Antônio Pereira de Morais nasceu no sítio Mineiro, em Livramento (PB), em 1911. Traduzido no meio poético como aquele que melhor definiu, em belas estrofes, a palavra saudade. Assim fala sobre ele Terezinha Costa: “…conhecido como “Poeta da Saudade” porque dedicou a maior parte dos seus versos a falar sobre ela. E ninguém daria tão maravilhosas definições”.

Em seu livro “São José do Egito – A musa do Pajeú” a poetisa Terezinha Costa registra várias estrofes sobre o assunto saudade e classifica as duas primeiras como clássicas. Não há como discordar.

– Saudade é um parafuso

que dentro da rosca cai

só entra se for torcendo

porque batendo não vai

e quando enferruja dentro

pode quebrar que não sai.

– Quem quiser plantar saudade

primeiro escalde a semente

só plante na terra seca

onde bata o sol mais quente

pois se plantar no molhado

quando nascer nata gente.

Da mesma obra extraímos as seguintes pérolas:

“Saudade é como resina no amor de quem padece”

– Saudade é como resina

no amor de quem padece.

O pau que resina muito

não morre mais adoece

é como quem tem saudade

não morre mas não esquece.

– Saudade é como cobreiro

desses que dão na cintura.

Saudade é baioneta

no peito da criatura:

tocou no gume se corta

tocou na ponta se fura.

Luís Wilson nos traz em “Roteiro dos velhos cantadores e poetas populares do Sertão” esta filosofia poética, fora do tema preferido pelo poeta paraibano:

Nós somos as rosas que caem

Pra debaixo da roseira,

Quem chega pisa por cima

E tira as de cima e cheira

Que aquelas que estão no chão

Não acham mais quem as queiram.