Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade maleu lapa-el – Sobre a dança Caxambu o que você nos conta?
Papa – Para muitos pesquisadores Caxambu pode ser entendida como uma das fontes de inspiração do samba, deixemos esse debate para outra hora. Trata-se de uma dança de origem africana, muito praticada originalmente no meio rural e que retrata fragmentos da vida dos escravos. Também conhecida como Jongo e Corimá, sua coreografia envolve variações com formações de rodas, umbigadas, movimentos em sentido anti-horário, com os, pulos e giros estimulados por música envolvente e contagiante.
Exaustivamente praticada nas fazendas de café nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Estudos apontam que no dia treze de maio era a principal dança executada pelos ex-escravos e seus descendentes. É sabido que nas confraternizações e festas nas localidades onde haviam escravos sua prática representava o auge dos momentos de folia. Consta, na literatura sobre o tema, que havia rígida hierarquia entre os praticantes, os antigos tinham certos privilégios. Instrumentos de percussão são usados, com exclusividade, para ritmar os movimentos dos dançarinos, muitos deles carregados de sexualidade e muito atrevimento.
Transcrevemos a letra de “Caxambu”, do famoso compositor Amir Guineto: “Olha vamos na dança do Caxambu/Saravá, jongo, saravá, engoma meu filho que eu quero ver/Você rodar até o amanhecer, engoma meu filho que eu quero ver/Você rodar até o amanhecer/ – O tambor tá batendo é pra valer/É na palma da mão que eu quero ver/O tambor tá batendo é pra valer/É na palma da mão que eu quero ver – Dona Celestina me dá água pra beber/Se você não me der água vou falar mal de você/Deu meia noite, o galo já cantou/Na igreja bate o sino é na dança do jongo que eu vou – Deu meia noite, o galo já cantou/Na igreja bate o sino é na dança do jongo que eu vou – Carreiro novo que não sabe carrear/ O carro tomba e o boi fica no lugar/Carreiro novo que não sabe carrear/ O carro tomba e o boi fica no lugar/ – Quem nunca viu vem ver caldeirão sem fundo ferver/Quem nunca viu vem ver caldeirão sem fundo ferver/ – O tambor tá batendo é pra valer É na palma da mão que eu quero ver…”.