11 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Destaque pontos relevantes da obra de Diniz Vitorino.

Papa – Diniz Vitorino Ferreira nasceu em Monteiro no ano de 1940. Se alguém me sugerisse escolher três cantadores da minha preferência Diniz faria parte da lista. Seus versos pluralizados e o denso conteúdo das suas estrofes são dignos de elogios infindos. Ouvir o poeta numa cantoria pé-de-parede era um dádiva, ler suas produções escritas é chegar no mais alto ponto do universo poético.

Do seu livro “Lírio do Canto”, retiramos os sonetos a seguir transcritos como leves gotas do dilúvio poético do filho de Monteiro.

UM CONSELHO DE PAI

Filho meu, nunca faças o que fiz

E o que fiz, não prures nem saber

Fita bem o meu semblante, que ele diz

O que sinto vergonha de dizer.

Não feri, não matei mais jamais quis

Ceifar vidas humanas pra viver

O meu mal foi cantar pra ser feliz,

Tendo dor pra corar até morrer.

Que loucura, meu filho, é ser poeta!

Fingir que é filósofo, que é profeta,

Sem reunir multidões, pregar a esmo…

Aos espaços mandar cantos fingidos,

Procurar consolar os oprimidos…

Quando o maior oprimido sou eu mesmo.

OS MASCARADOS

Novamente os palanques dos malditos

Estão erguidos com faixas coloridas.

E os dragões disfarçados de cabritos

Já estão solto em plenas avenidas.

Com acenos de mãos, gestos bonitos,

Formam frases mil vezes repetidas,

Revivendo em discursos mal escritos

Velhas mortas promessas esquecidas.

Com os punhos cerrados fazem gestos

Juram firmes que são bons e honestos,

Salvadores da pátria e dos patrícios.

Quando todos não am de tiranos

Leopardos sangrentos, desumanos

Comandantes dos nossos sacrifícios.