Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o grande poeta Ivanildo Vila Nova.
Papa – Para muitos apologistas Ivanildo Vila Nova, que nasceu em Caruaru no ano de 1945, é o maior nome da cantaria da sua geração, para outros o maior de todos os tempos. Uma coisa não se discute no meio da cantoria, sua importância para classe de poetas populares. Sempre foi voz ativa em defesa do profissionalismo na arte do repente e do respeito que o artista da viola merece.
É impossível narrar a obra de Ivanildo Vila Nova em um livro, imagine neste espaço. Eis uma amostra minúscula. As três duas primeiras estrofes abaixo foram extraídas do livro “Ivanildo Vila Nova – Mitos, versos e viola”, de José Edmilson Rodrigues e Irani Medeiros e os dois últimos do livro “Poetas encantadores”, de Zé de Cazuza.
Na igreja que a casa que ampara
Eu entrei furioso qual um potro
Ao sair da igreja eu era outro
Diferente daquele que entrara
Pois a padre também em mim notara
Que eu sofrera a maior transformação
Eu entrara prá’li como um leão
Mas saíra dali domesticado.
SENTI MENOS O PESO DO PECADO
QUANDO FIZ A PRIMEIRA COMUNHÃO.
Pra conhecer meus acenos
Eu não vejo quem se gabe
A minha mulher não sabe
E os meus sogros muito menos
Os meus meninos pequenos
Não conhecem o gênio meu
Minha mãe nunca entendeu
Meu pai nunca decifrou
SÓ EU SABE QUEM EU SOU
QUEM SABE QUEM SOU, SOU EU.
Entre facas e punhais
Com um filho um crime ocorre
Uma mãe atribulada
Pra casa da outra corre
A mãe do filho que mata
Consola a mãe do que morre.
O homem faz um rosca,
Parafuso e similares,
Um prédio com dez andares,
Ou uma morada tosca.
Porém não faz uma mosca
Pequenina e indefesa
Que come na nossa mesa
E fica querendo mais
O HOMEM MORRE E NÃO FAZ
OS FEITOS DA NATUREZA.