17 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o grande poeta Ivanildo Vila Nova.

Papa – Para muitos apologistas Ivanildo Vila Nova, que nasceu em Caruaru no ano de 1945, é o maior nome da cantaria da sua geração, para outros o maior de todos os tempos. Uma coisa não se discute no meio da cantoria, sua importância para classe de poetas populares. Sempre foi voz ativa em defesa do profissionalismo na arte do repente e do respeito que o artista da viola merece.

É impossível narrar a obra de Ivanildo Vila Nova em um livro, imagine neste espaço. Eis uma amostra minúscula. As três duas primeiras estrofes abaixo foram extraídas do livro “Ivanildo Vila Nova – Mitos, versos e viola”, de José Edmilson Rodrigues e Irani Medeiros e os dois últimos do livro “Poetas encantadores”, de Zé de Cazuza.

Na igreja que a casa que ampara

Eu entrei furioso qual um potro

Ao sair da igreja eu era outro

Diferente daquele que entrara

Pois a padre também em mim notara

Que eu sofrera a maior transformação

Eu entrara prá’li como um leão

Mas saíra dali domesticado.

SENTI MENOS O PESO DO PECADO

QUANDO FIZ A PRIMEIRA COMUNHÃO.

Pra conhecer meus acenos

Eu não vejo quem se gabe

A minha mulher não sabe

E os meus sogros muito menos

Os meus meninos pequenos

Não conhecem o gênio meu

Minha mãe nunca entendeu

Meu pai nunca decifrou

SÓ EU SABE QUEM EU SOU

QUEM SABE QUEM SOU, SOU EU.

Entre facas e punhais

Com um filho um crime ocorre

Uma mãe atribulada

Pra casa da outra corre

A mãe do filho que mata

Consola a mãe do que morre.

O homem faz um rosca,

Parafuso e similares,

Um prédio com dez andares,

Ou uma morada tosca.

Porém não faz uma mosca

Pequenina e indefesa

Que come na nossa mesa

E fica querendo mais

O HOMEM MORRE E NÃO FAZ

OS FEITOS DA NATUREZA.