Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Sobre o filho de Princesa Isabel, João Paraibano o que nos conta?
Papa – João Pereira da Luz, ou simplesmente João Paraibano, nasceu em 1952 no Sítio Pica Pau, município de Princesa Isabel. Para o mundo cantoria um dos gênios. Para mim, além de grande amigo, o poeta que melhor traduziu em poesia a história do povo sertanejo. Se alguém me pedisse para definir João Paraibano em duas palavras eu diria: Talento e persistência. Enfrentou todo tipo de preconceito e, sem gritar com seu ninguém, calou os críticos. Com Sebastião Dias formou uma dupla que superava qualquer expectativa.
Após seu falecimento, diríamos precoce, Ésio Rafael, Marcos os e Santana “O Cantador” publicaram “João Paraibano – O herdeiro dos astros”. Deste livro tiramos as estrofes a seguir transcritas. É uma das mais perfeitas publicações sobre um cantador de viola produzida no Brasil.
Se eu não fosse sertanejo
Inda não tinha aprendido
Que o preá tem apelido
De bengo ou de sacolejo
Que o gabiru rouba queijo
Que o morcego é sem visão
Que a cigarra do verão
Estoura quando assovia
SOU GRATO A DEUS TODO DIA
PORQUE NASCI NO SERTÃO.
É bonito o matuto se firmar
Carregando um galão com duas latas
E um cachorro de pé nas duas patas
Convidando seu dono pra caçar
Uma gata parida carregar
Um filhote que nasce sem visão
Quando a boca se cansa, põe não chão
Mas a presa não fere sua cria
DEUS PINTOU O SERTÃO DE POESIA
MEU ORGULHO É SER FILHO DO SERTÃO
É ruim se cantar sentindo
Que é da rima explorador.
Que a rosa estando murcha
Abelha não sente odor
Não sente raiva do galho
Mas sente pena da flor.
Eu só aprendi cantar
O sabiá na pimenta
O boi de carro enfadado
Na hora que o sol esquenta
Botando a ponta de língua
Nos dois buracos da venta.