21 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Conte-nos um pouco da história do cordelista Leandro Gomes de Barros.

Papa – Não é possível falar sobre a história do cordel sem citar Leandro Gomes de Barros que nasceu em 1865 na fazenda Melancia em Pombal (PB). Câmara Cascudo em sua obra “Vaqueiros e cantadores” assim define o poeta”…o mais fecundo de todos os poetas sertanejos…fecundo e sempre novo, original e espirituoso, é o responsável por oitenta por cento das glória dos cantadores atuais”. Eu não tenho argumentos para discordar do folclorista potiguar.

Poderíamos gastar muitas laudas para citar a obra do poeta cordelista de Pombal, contudo, vamos apresentar o poema a seguir, retirado do livro “Leandro Gomes de Barros – O mestre da literatura de cordel – Vida e obra”, da autoria de Arievaldo Vianna.

A TARDE

Tomba a tarde, o sol baixa seus ardores,

Alvas nuvens no céu formam lavores

E a voz da arada o campo enchendo:

O juriti em seu ramo de dormida

Soltando um canto ali por despedida

Dando adeus ao sol que vai morrendo.

E mergulha o sol pelo acaso,

Já o dia ali venceu o prazo,

Abrem flores, o orvalho em cotas vem;

Limpa o céu, o firmamento se ilumina,

Uma luz alvacenta e argentina

Já se avista no céu, mas muito além.

Regressam do campo lavradores,

Apascentam os rebanho os pastores,

E o mundo fica ali em calmaria;

A matrona embala o filho pequenino

E prestando atenção à voz do sino

Quando dobra no templo a Ave-Maria.

Vem a noite, dormem ali as cousas mansas

Dormem quietos os justos e as crianças

E a Virgem envia preces à divindade;

A velhice recorda arrependida

Todo erro que fez em sua vida

E murmura: Quem me dera mocidade.

Do livro acima citado destacamos a estrofe abaixo do cordel “A alma de uma sogra”.

Porque é que a medicina

Estuda tanto e não logra,

Por exemplo: um preparado

Que dê mais valor à droga

Porque razão não inventa

Vacina pra não ter sogra.