Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Conte-nos um pouco da história do cordelista Leandro Gomes de Barros.
Papa – Não é possível falar sobre a história do cordel sem citar Leandro Gomes de Barros que nasceu em 1865 na fazenda Melancia em Pombal (PB). Câmara Cascudo em sua obra “Vaqueiros e cantadores” assim define o poeta”…o mais fecundo de todos os poetas sertanejos…fecundo e sempre novo, original e espirituoso, é o responsável por oitenta por cento das glória dos cantadores atuais”. Eu não tenho argumentos para discordar do folclorista potiguar.
Poderíamos gastar muitas laudas para citar a obra do poeta cordelista de Pombal, contudo, vamos apresentar o poema a seguir, retirado do livro “Leandro Gomes de Barros – O mestre da literatura de cordel – Vida e obra”, da autoria de Arievaldo Vianna.
A TARDE
Tomba a tarde, o sol baixa seus ardores,
Alvas nuvens no céu formam lavores
E a voz da arada o campo enchendo:
O juriti em seu ramo de dormida
Soltando um canto ali por despedida
Dando adeus ao sol que vai morrendo.
E mergulha o sol pelo acaso,
Já o dia ali venceu o prazo,
Abrem flores, o orvalho em cotas vem;
Limpa o céu, o firmamento se ilumina,
Uma luz alvacenta e argentina
Já se avista no céu, mas muito além.
Regressam do campo lavradores,
Apascentam os rebanho os pastores,
E o mundo fica ali em calmaria;
A matrona embala o filho pequenino
E prestando atenção à voz do sino
Quando dobra no templo a Ave-Maria.
Vem a noite, dormem ali as cousas mansas
Dormem quietos os justos e as crianças
E a Virgem envia preces à divindade;
A velhice recorda arrependida
Todo erro que fez em sua vida
E murmura: Quem me dera mocidade.
Do livro acima citado destacamos a estrofe abaixo do cordel “A alma de uma sogra”.
Porque é que a medicina
Estuda tanto e não logra,
Por exemplo: um preparado
Que dê mais valor à droga
Porque razão não inventa
Vacina pra não ter sogra.