Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o rei dos trocadilhos, Lourival Batista.
Papa – Lourival Batista Patriota, nasceu em Itapetim – PE, em 1915. É por merecimento nome de destaque na arte da cantoria. Sua obra poética é infinda e os trocadilhos famosos foram sua marca maior. Seus atos como figura humana são emblemáticos, junto com a esposa Helena Marinho atendeu as regras franciscanas no tocante o amor ao próximo e ajuda aos desvalidos. Ivo Mascena Veras transcreveu parte da sua obra em livro espetacular, desta publicação extraímos o poema “Palhaço que ri e chora”.
“Pinta o rosto, arruma palma
Dentre os néscios e sábios
O riso aflora-lhe os lábios
A dor tortura lhe a alma
a com toda calma
Desgostos a qualquer hora
Quando que bem, vai embora
Vive num eterno drama
Pensa, sonha, sofre e ama
PALHAÇO QUE RI E CHORA.
Se ama alguém com desvelo
Deixá-lo é martírio enorme
Se vai deitar-se não dorme
Se dorme, tem pesadelo
Sentindo um bloco de gelo
Lhe esfriando dentro e fora
Desperta, medita e cora
Sente a fortuna distante
Julga-se um ‘judeu errante’
PALHAÇO QUE RI E CHORA.
Pelo destino grosseiro
A vida jamais lhe agrada
Se sente a alma picada
Tem que ir ao picadeiro
Não pode ser altaneiro
Não tem repouso uma hora
Chagas dentro, rosas fora
Guarda espinhos, mostra flor
Misto de alegria e dor
PALHAÇO QUE RI E CHORA.
Palhaço tem paciência
Que da planície ao pináculo
Este mundo é um espetáculo
Todos nós, a assistência
A falta de inteligência
Gargalhamos qualquer hora
Choramos sem ter demora
Sem ânimo, coragem e fé
Porque todo mundo é
PALHAÇO QUE RI E CHORA”.