24 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o rei dos trocadilhos, Lourival Batista.

Papa – Lourival Batista Patriota, nasceu em Itapetim – PE, em 1915. É por merecimento nome de destaque na arte da cantoria. Sua obra poética é infinda e os trocadilhos famosos foram sua marca maior. Seus atos como figura humana são emblemáticos, junto com a esposa Helena Marinho atendeu as regras franciscanas no tocante o amor ao próximo e ajuda aos desvalidos. Ivo Mascena Veras transcreveu parte da sua obra em livro espetacular, desta publicação extraímos o poema “Palhaço que ri e chora”.

“Pinta o rosto, arruma palma

Dentre os néscios e sábios

O riso aflora-lhe os lábios

A dor tortura lhe a alma

a com toda calma

Desgostos a qualquer hora

Quando que bem, vai embora

Vive num eterno drama

Pensa, sonha, sofre e ama

PALHAÇO QUE RI E CHORA.

Se ama alguém com desvelo

Deixá-lo é martírio enorme

Se vai deitar-se não dorme

Se dorme, tem pesadelo

Sentindo um bloco de gelo

Lhe esfriando dentro e fora

Desperta, medita e cora

Sente a fortuna distante

Julga-se um ‘judeu errante’

PALHAÇO QUE RI E CHORA.

Pelo destino grosseiro

A vida jamais lhe agrada

Se sente a alma picada

Tem que ir ao picadeiro

Não pode ser altaneiro

Não tem repouso uma hora

Chagas dentro, rosas fora

Guarda espinhos, mostra flor

Misto de alegria e dor

PALHAÇO QUE RI E CHORA.

Palhaço tem paciência

Que da planície ao pináculo

Este mundo é um espetáculo

Todos nós, a assistência

A falta de inteligência

Gargalhamos qualquer hora

Choramos sem ter demora

Sem ânimo, coragem e fé

Porque todo mundo é

PALHAÇO QUE RI E CHORA”.