Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Com os pés firmes no Pará vamos falar hoje sobre “Maçariquinho” ou “Dança do Maçarico”? Fale-me sobre essa dança.
Papa – Antes de entrar no assunto, permitam um depoimento: “Em 1994 quando cheguei ao Pará participei de um jantar de negócios em Belém. Além da comida paraense uma das atrações do restaurante era apresentação de danças regionais. Ao ver a apresentação sobre a dança do ‘Maçariquinho’ confesso que fiquei encantado e a música adaptada para registro ao final ficou gravada”.
Muitos estudiosos apontam que esta dança nasceu na região de Cametá, linda cidade do baixo Tocantins. Começou a ser praticada no final do século XIX por caboclos a escravos recém libertos. No estilo são perceptíveis traços de danças lusitanas. Seus movimentos são inspirados em um pássaro que habita as margens dos rios da região. A forma saltitante e alegre do estilo tem coreografia composta por cinco movimentos dinâmicos e sincronizados: “Charola”, “Geleia de Mocotó”, “Maçaricado”, “Repinico” e “Roca-Roca”.
É praticada por grupos de casais e as mulheres puxam os versos, cantados pelos demais dançantes. A cadência da música molda a coreografia desenvolvida numa mistura perfeita. Esta dança é uma das provas que nosso caldo cultural é formado pela união de influências dos colonizadores, das nossas expressões corporais e de bens que nos foram entregues pela natureza.
Transcrição, com adaptações, da letra de “Maçariquinho”, de Pedro Caetano e Clemente Muniz: “Maçariquinho na beira da praia, como é que a mulher pega a saia?/Maçariquinho na beira da praia, como é que a mulher pega a saia?/É assim, é assim, é assim o lê lê, é assim que a mulher pega a saia/É assim, é assim, é assim o lê lê, É assim que a mulher pega a saia/Tu meu nego tá mauzinho, até parece que bebeu/Maçarico é arinho, como é que arrespondeu?… /Maçarico é arinho nas praias do Ceará/Mas também é mexidinho pra mulher se requebrar/Maçariquinho na beira da praia, como é que a mulher pega a saia?/Maçariquinho na beira da praia, mas como é que a mulher pega a saia?…”.