32 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o “Príncipe dos poetas”, Pedro Bandeira.

Papa – Pedro Bandeira Pereira de Caldas, nasceu no Sítio Riacho da Boa Vista, município de São José de Piranhas (PB), em 01.05.1938. Usou seus trabalhos poéticos como arma em defesa da profissão de cantador, galgou a fama merecidamente.

Em emissoras de rádio do sul cearense, em outras espalhadas pelo nordeste e em cada palco onde se apresentou foi grande baluarte em defesa de cultura raiz. Do livro “Pedro, Bandeira da Cantoria”, de Aquino Neto extraímos as estrofes abaixo.

O padre Cícero Romão

Convidou Pedro Bandeira

Pra morar em Juazeiro

E ar a vida inteira

Defendendo todos os astros

Da cultura brasileira.

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Aparece um cachaceiro

Calcado com uma bota

Diz: Eu vou querer um facho,

Um fósforo e uma meiota.

Que eu vou descer na quebrada

Botando fogo na grota.

***

Lutei, cheguei ao pináculo

Porque Deus me abraçou.

Tudo ficou diferente

Quando a velhice chegou

Fui despencando aos pouco

Acho que Deus me soltou.

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Foi do ciclo do rifle e da pistola

Do tropeiro, do tom do catarino

O maior espetáculo nordestino

Nos arames plangentes da viola

Mais famoso do que Émile Zola

E maior que Nabucodonosor

Seguidor do estilo do condor

Defensor do suor do africano

FOI AQUI QUE NASCEU ROGACIANO

JORNALISTA, POETA E ESCRITOR.

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Eu fiz Nelson deixar sua canção

Teixeirinha deixar o lero-lero

Fiz Orlando deixar o seu bolero

E Gonzaga deixar o seu baião.

Marinês desprezar a gravação

Nunca mais chegou perto da vitrola

Fiz Garrincha e Pelé largarem a bola

E saírem correndo do gramado

Pra ouvir-me em martelo agalopado

Debruçado por cima da viola.