Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o “Príncipe dos poetas”, Pedro Bandeira.
Papa – Pedro Bandeira Pereira de Caldas, nasceu no Sítio Riacho da Boa Vista, município de São José de Piranhas (PB), em 01.05.1938. Usou seus trabalhos poéticos como arma em defesa da profissão de cantador, galgou a fama merecidamente.
Em emissoras de rádio do sul cearense, em outras espalhadas pelo nordeste e em cada palco onde se apresentou foi grande baluarte em defesa de cultura raiz. Do livro “Pedro, Bandeira da Cantoria”, de Aquino Neto extraímos as estrofes abaixo.
O padre Cícero Romão
Convidou Pedro Bandeira
Pra morar em Juazeiro
E ar a vida inteira
Defendendo todos os astros
Da cultura brasileira.
***
Aparece um cachaceiro
Calcado com uma bota
Diz: Eu vou querer um facho,
Um fósforo e uma meiota.
Que eu vou descer na quebrada
Botando fogo na grota.
***
Lutei, cheguei ao pináculo
Porque Deus me abraçou.
Tudo ficou diferente
Quando a velhice chegou
Fui despencando aos pouco
Acho que Deus me soltou.
***
Foi do ciclo do rifle e da pistola
Do tropeiro, do tom do catarino
O maior espetáculo nordestino
Nos arames plangentes da viola
Mais famoso do que Émile Zola
E maior que Nabucodonosor
Seguidor do estilo do condor
Defensor do suor do africano
FOI AQUI QUE NASCEU ROGACIANO
JORNALISTA, POETA E ESCRITOR.
***
Eu fiz Nelson deixar sua canção
Teixeirinha deixar o lero-lero
Fiz Orlando deixar o seu bolero
E Gonzaga deixar o seu baião.
Marinês desprezar a gravação
Nunca mais chegou perto da vitrola
Fiz Garrincha e Pelé largarem a bola
E saírem correndo do gramado
Pra ouvir-me em martelo agalopado
Debruçado por cima da viola.