33 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre a cascavel do repente Pinto do Monteiro.

Papa – Os adjetivos utilizados para qualificar Severino Lourenço da Silva Pinto, o Pinto de Monteiro, nascido em 21.11.1895 em Monteiro (PB), fica a cargo de cada apologista. Para Joselito Nunes, “um cantador sem parelha”; para Ivo Mascena Veras, “o maior repentista do século” e para muitos a “cascavel do repente”. Ouvi muitas cantorias do velho paraibano, em sua maioria com João Furiba e Zé Feitosa de Lima.

É quase impossível um apologista não ter na mente um dos versos de Pinto. Abaixo transcrevo estrofes extraídas do livro “Pinto Velho do Monteiro – Um cantador sem parelha”, de autoria de Joselito Nunes. Vejam nesta minúscula amostra a capacidade do poeta do Cariri:

Aqui é minha oficina

Onde eu conserto e remendo.

Quando o ferro é grande eu corto

Quando é pequeno eu emendo

Quando falta ferro eu compro

Quando sobra ferro eu vendo.

***

Sou igualmente a balança

Dessa marca Filizola

Que tem um lado um prato

Do outro lado uma bola

E um ponteiro no meio

Onde o matuto se atola.

***

Mas eu sou como lacrau

Que do lixo se aproxima

Vivendo da umidade

Se alimentando do clima

Esperando que um caipora

Chegue o bote o pé em cima.

***

Se for com calma eu aceito

Com desaforo eu respondo

Porque minha natureza

É como a de um marimbondo

Posso morrer machucado

Mas o ferrão não escondo.

***

Quem me fez esse pedido

Devia aprender a ler

Antes de Cristo nascer

Adão já tinha morrido

Vou cantar, mas é perdido

Vai servir de mangação

Já no fim da profissão

Vi o que não tinha visto

NO TRONCO DA CRUZ DE CRISTO

“VIRAM” A CAVEIRA DE ADÃO.