35 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Sobre o poeta Raimundo Borges fale-nos da sua obra.

Papa – Raimundo Borges de Almeida nasceu na primeira metade da década de 1940 em Flores, Estado de Pernambuco. Desde os anos 1960 é um propagador do mundo da cantoria por meio de programas radiofônicos de grande sucesso. Na Rádio Pajeú de Afogados da Ingazeira com o “Quando as violas se encontram” ganhou destaque regional, mesmo sucesso obtido em Cajazeiras, na Paraíba, onde é promovente de festivais e divulgador da profissão que abraçou. Goza de alto conceito, principalmente dos muitos poetas que deu apoio. Seu programa de rádio em Cajazeiras, “Violas do meu Brasil” é um espaço onde a cultura raiz é defendia e tem presença firme.

As estrofes a seguir foram recitadas pelo autor através de ação conjunta deste cronista e do poeta Jatobá, colega aposentado do Banco do Brasil que reside em João Pessoa (PB). Nelas podemos enxergar com clareza sua capacidade de refletir sobre a arte do cantador e temas legados à natureza.

Eu iro a aranha

Inseto pequeno e feio

Faz uma casa sem telha

Sem caibro, ripa e esteio

E depois da casa pronta

Se suicida no meio.

***

Se eu aqui não viesse

Seria mais um covarde

A minha cabeça dói

A minha garganta arde

Mas vou cozinhar repente

No vulcão do sol da tarde.

***

Nós que somos repentistas

Sentimos dificuldades

De chegarmos nas cidades

Com aparências de artistas

Repórteres, jornais, revistas

Não divulgam nos feitos

Bom pouco somos aceitos

Em festas elitizadas

ONDE AS PESSOAS FORMADAS

ESCONDEM NOSSOS DIREITOS.

Parece que a poesia

Não conscientiza os sábios

Nem é mais a flor dos lábios

Que o romantismo aprecia

Ela está sendo hoje em dia

Desviada da beleza

O egoísmo a riqueza

Buscam sempre interrompê-la

OPAQUECENDO A ESTRELA

DE INFINITA GRANDEZA.