Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Sobre o poeta Raimundo Borges fale-nos da sua obra.
Papa – Raimundo Borges de Almeida nasceu na primeira metade da década de 1940 em Flores, Estado de Pernambuco. Desde os anos 1960 é um propagador do mundo da cantoria por meio de programas radiofônicos de grande sucesso. Na Rádio Pajeú de Afogados da Ingazeira com o “Quando as violas se encontram” ganhou destaque regional, mesmo sucesso obtido em Cajazeiras, na Paraíba, onde é promovente de festivais e divulgador da profissão que abraçou. Goza de alto conceito, principalmente dos muitos poetas que deu apoio. Seu programa de rádio em Cajazeiras, “Violas do meu Brasil” é um espaço onde a cultura raiz é defendia e tem presença firme.
As estrofes a seguir foram recitadas pelo autor através de ação conjunta deste cronista e do poeta Jatobá, colega aposentado do Banco do Brasil que reside em João Pessoa (PB). Nelas podemos enxergar com clareza sua capacidade de refletir sobre a arte do cantador e temas legados à natureza.
Eu iro a aranha
Inseto pequeno e feio
Faz uma casa sem telha
Sem caibro, ripa e esteio
E depois da casa pronta
Se suicida no meio.
***
Se eu aqui não viesse
Seria mais um covarde
A minha cabeça dói
A minha garganta arde
Mas vou cozinhar repente
No vulcão do sol da tarde.
***
Nós que somos repentistas
Sentimos dificuldades
De chegarmos nas cidades
Com aparências de artistas
Repórteres, jornais, revistas
Não divulgam nos feitos
Bom pouco somos aceitos
Em festas elitizadas
ONDE AS PESSOAS FORMADAS
ESCONDEM NOSSOS DIREITOS.
Parece que a poesia
Não conscientiza os sábios
Nem é mais a flor dos lábios
Que o romantismo aprecia
Ela está sendo hoje em dia
Desviada da beleza
O egoísmo a riqueza
Buscam sempre interrompê-la
OPAQUECENDO A ESTRELA
DE INFINITA GRANDEZA.