Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Hoje nossa conversa é sobre o baiano Glauber Rocha.
Papa – Glauber de Andrade Rocha, nasceu em Vitória da Conquista (BA), no dia 14 de março de 1939, quase por unanimidade é considerado um dos maiores nomes da história do cinema brasileiro, quem discorda é por motivação ideológica e não pela falta de talento. Sem dúvida o filho de Adamastor e de Lúcia, pela participação ativa no movimento do “Cinema Novo” é merecedor de todos os prêmios que recebeu.
O cinema, considerado pelo intelectual italiano Ricciotto Canuto como a sétima arte por ser a arte síntese e pela capacidade de conciliar as demais artes, sempre foi a grande paixão de Glauber Rocha. As produções “Deus e o Diabo na Terra do Sol, (1964)”, “Terra em transe, (1967)” e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, (1968)”, fizeram do cineasta baiano uma referência. Os filmes “Barrabento, (1962)”, “Cabeças Cortadas, (1970)”, “Câncer, (1972)” “Claro, (1975)”, “A Idade da Pedra, (1980)”, integram seu rico legado.
Na época que residi em Vitória da Conquista tive oportunidade de constatar o respeito que seus conterrâneos tem pelo cineasta. Esta frase do então secretário de Cultura, Esporte e Lazer, da capital do Sudoeste baiano, Eugênio Avelino (Xangai), expressa essa iração: “Assim como a icônica figura de Pelé se relaciona com a cidade de Três Corações, Glauber traz a Vitória da Conquista um grande orgulho pelo alcance mundial que sua arte conquistou”.
Pelo seu comportamento e pelas reflexões trazidas em cada obra de Glauber Rocha foi patrulhado pela direita e pela esquerda, foi vítima de ditadura imposta pelo movimento militar de 1964 e incompreendido por críticos “míopes” em nosso país. A frase “Glauber se consumiu em seu próprio fogo”, atribuída ao poeta Ferreira Gullar nos remete a muitos pontos de observação. Resgato as frase a seguir, que expressam parte do pensamento de Glauber Rocha: “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”; “A arte não é só talento, mas sobretudo coragem”; “Sem linguagem nova não há realidade nova”; “A arte é tão difícil como o amor”; “A fome latina não é somente um sintoma alarmante é o nervo de sua própria sociedade”…
O que busco aprender com nosso cineasta: “Coragem, capacidade de inovar, compreensão do mundo com visão própria, paixão pelas causas que defendia, inquietude, criatividade…”. Os prêmios internacionais e a forma como é visto no Brasil são provas do nosso atraso em relação ao reconhecimento aos nossos talentos.