41 – DANÇAS BRASILEIRAS – SAPATEADO

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Sobre o Sapateado, conte-nos sua história.

Papa – Este estilo de dança tem origem na Irlanda, e sua principal característica é o som produzido pelos calçados dos dançarinos. Durante sua expansão pela Europa os tamancos originais foram sendo adaptados, a colocação de moedas nos solados permitiram que os sons emitidos fossem mais nítidos.

Durante a primeira metade do século XIX o ritmo chega à América através dos Estados Unidos. Nesta fase a dança assumiu variáveis impostas pelo jeito americano de dançar. A “Top Dance” introduziu a flexibilidade natural do povo das Américas e a dança assume outros patamares no tocante aos sons e a coreografia. O estilo do irlandês, introduzido pelos colonizadores ingleses, a a ter outra roupagem e a dinâmica assume o lugar da rigidez original.

O intercâmbio natural das culturas nos trouxe o Sapateado. Nas décadas de 1930 e 1940 este ritmo chega ao Brasil. Muitos estudos disponíveis creditam ao ambiente dos cassinos, as exibições nos teatros e ao dançarino Guálter Silva o mérito de introdução da dança em nosso país. O sapateado americano recebe influências brasileiras, ganha espaço nos grandes centros urbanos e recebe traços da nossa cultura criativa, nossas linguagens corporais e nosso molejo.

A coreógrafa Marcela Pires nos brinda como essa ponderação sobre a dança: “…O Sapateado nunca foi singular, independente da época, e o que mais me apaixona nessa modalidade é o quanto ela pode ser atual, democrática, única, inovadora e adaptável ao mundo em que vivemos”.

Extraímos a letra de “Sapateado”, da extensa obra de Ary Barroso numa parceria com Luís Iglesias: “Fui à Nova Iorque só pra ver/ O que foi o Júlio lá fazer/ Houve tanta encrenca, confusão/Acabei…/ Foi na mão – Vem um gajo e me diz/ Alô boy/Chamou de boi eu nem vi/ O que fiz foi muito infeliz/ Meu Deus juntou gente – Lá na tal Broadway me espalhei/ Que sururu nem se viu/ Militar mostrei que o Brasil/Não sabe apanhar – Mudei por mim/Quando ouvi/ Falar o embaixador Marciano/ Em cima do minobrasa”.