41 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o pernambucano Severino Feitosa.

Papa – Severino Nunes Feitosa nasceu no sítio Macacos, em Santa Terezinha (PE), em 25.03.1948, poeta com atuação destacada em grandes festivais de cantoria e nos embates de pé de parede. Tem um estilo particular de cantar, numa velocidade que meu pai, Quincas Rafael, classificava como “pisada de boi de carro”, para os cariocas “no sapatinho”. É autor da canção “Voltando à minha terra”, grande sucesso. Gosto demais, nela vejo com clareza o sentimento do sertanejo que vive fora do seu sagrado torrão. Outra qualidade que destaco neste poeta é a forma respeitosa que ele trata os apologistas da sua arte. Nas diversas cidades onde residiu teve destaque também como promovente de cantorias, festivais e radialista titular de programas de sucesso. Atualmente apresenta o “Desperta Campina”, na Rádio Campina FM, na rainha da Borborema onde reside.

As duas primeiras estrofes foram extraídas da canção acima citada, transcrevemos também a famoso refrão. As estrofes seguintes retiramos do livro “De Repente Cantoria” de Geraldo Amâncio e Vanderley Pereira.

Eu fui um pássaro que viveu feliz

Cantando livre nesses matagais

Bebendo água nas cacimbas claras

Depois voando para os mangueiras

Eu fui menino que andou descalço

Pulando corda e jogando pião

Cortando lenha pra fazer o fogo

Batendo enxada pra cavar o chão.

***

Deus me conceda que eu volte um dia

à terra amada do meu nascimento

onde eu juntei dor e alegria

misturei tudo no meu pensamento

fui obrigado pelo meu destino

tentar um meio de sobreviver

mas nessa terra onde eu fui menino

queria ainda morar e viver.

O que não posso tirar

nunca da minha lembrança

é o pedaço de terra

que vivi quando criança.

***

No tempo que foi menino

Brincando na minha terra

Não sabia que as armas

Eram feitas para guerra

Pra mim o mundo acabava

Do outro lado da serra.

***

Pela voz do coração

Ninguém segue partitura

O amor é descendente

Da família da ternura

E a solidão é doença

Que comprimido não cura.