Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o pernambucano Severino Feitosa.
Papa – Severino Nunes Feitosa nasceu no sítio Macacos, em Santa Terezinha (PE), em 25.03.1948, poeta com atuação destacada em grandes festivais de cantoria e nos embates de pé de parede. Tem um estilo particular de cantar, numa velocidade que meu pai, Quincas Rafael, classificava como “pisada de boi de carro”, para os cariocas “no sapatinho”. É autor da canção “Voltando à minha terra”, grande sucesso. Gosto demais, nela vejo com clareza o sentimento do sertanejo que vive fora do seu sagrado torrão. Outra qualidade que destaco neste poeta é a forma respeitosa que ele trata os apologistas da sua arte. Nas diversas cidades onde residiu teve destaque também como promovente de cantorias, festivais e radialista titular de programas de sucesso. Atualmente apresenta o “Desperta Campina”, na Rádio Campina FM, na rainha da Borborema onde reside.
As duas primeiras estrofes foram extraídas da canção acima citada, transcrevemos também a famoso refrão. As estrofes seguintes retiramos do livro “De Repente Cantoria” de Geraldo Amâncio e Vanderley Pereira.
Eu fui um pássaro que viveu feliz
Cantando livre nesses matagais
Bebendo água nas cacimbas claras
Depois voando para os mangueiras
Eu fui menino que andou descalço
Pulando corda e jogando pião
Cortando lenha pra fazer o fogo
Batendo enxada pra cavar o chão.
***
Deus me conceda que eu volte um dia
à terra amada do meu nascimento
onde eu juntei dor e alegria
misturei tudo no meu pensamento
fui obrigado pelo meu destino
tentar um meio de sobreviver
mas nessa terra onde eu fui menino
queria ainda morar e viver.
O que não posso tirar
nunca da minha lembrança
é o pedaço de terra
que vivi quando criança.
***
No tempo que foi menino
Brincando na minha terra
Não sabia que as armas
Eram feitas para guerra
Pra mim o mundo acabava
Do outro lado da serra.
***
Pela voz do coração
Ninguém segue partitura
O amor é descendente
Da família da ternura
E a solidão é doença
Que comprimido não cura.