Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Sobre o poeta Valdir Teles fale-nos.
Papa – Valdir Rodrigues Teles nasceu em 18.07.1955 em Livramento (PB). Nasceu com o dom da poesia e abraçou a profissão com afinco. Com persistência venceu as barreiras naturais que impedem o surgimento de novos valores. Paraibano de nascimento e morador da região do Pajeú, deixou o Sertão pernambucano e foi para as barrancas do rio Jaguaribe, no Ceará. Ao retornar conduzia uma das mais concorridas agendas do universo da cantoria de viola. Com dicção perfeita, velocidade impressionante na construção de estrofes memoráveis e humildade encantou nos diversos palcos onde esteve. Cabe registrar seu destaque como secretário de Cultura de Tuparetama, deu vez e voz aos produtores da cultura raiz.
A primeira estrofe abaixo foi escrita pelo poeta no livro “Um novo Mar de Poesias” de autoria da sua filha, a poetisa Mariana Teles, as seguintes formas extraídas do livro “Relíquias da Cantoria”, coletânea do pesquisador Jomaci Dantas.
Como é bom ter nossos sonhos
Realizados por Deus.
Nem precisava meu nome
Na sobra dos versos seus
Mas o menor dos seus versos
Supera o maior dos meus.
***
Meu pai chegava da feira
Com a mochila na mão.
Mamãe abria a mochila
Me dava a banda de um pão
Que se desse o pão inteiro
Faltava pro meu irmão.
***
Ismael eu tenho dó
Desse sofrimento seu
Só não lhe dou uma perna
Das duas que Deus me deu
Porque com uma perna só
Não anda você nem eu.
***
Não critico do ceguinho
Que vive a perambular.
Eu posso perder a vista
E a dele recuperar
Eu ir para o lugar dele
E ele vir pro meu lugar.
***
Você fez um papel de mulher ruim
Me deixou triste, ébrio, solitário
Coloquei nossa história no diário
Pra poder me lembrar até o fim.
Quando eu esperava ouvir um sim
Sua boca covarde disse não,
Deu pra outro a banda do colchão
E era o lado da cama que eu dormia
OS GARRANCHOS DA SUA COVARDIA
ARRANHARAM DEMAIS MEU CORAÇÃO.