Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o jovem poeta Vinícius Gregório.
Papa – Vinícius Gregório Nogueira Gomes nasceu em São José do Egito no dia 06.05.1987, começou escrever poesias aos quatorze anos e em 2006 surgiu com destaque como declamador na Festa Universitária em sua terra. Julgo importante fazer o seguinte registro: Em 2021 estávamos em um evento alusivo ao centenário do poeta Quincas Rafael, em Jabitacá, e um jovem aluno de uma escola do município de Iguaracy antes de fazer sua declamação destacou: – “Vou recitar um soneto de um poeta jovem que gosto muito”, e recitou brilhantemente um soneto de autoria de Vinícius Gregório. O poeta hoje destacado é detentor de um talento extraordinário e uma figura humana carismática e com foco na cultura raiz, nos direitos humanos e na justiça social.
As estrofes abaixo foram extraídas do seu livro “Hereditariedade”, publicado em 2008, justifica esta pequena amostra o reconhecimento que o poeta recebe dos amantes da poesia.
Vou embora pra São Zé,
Pois lá sou amigo do rei.
Vou aproveitar a vida
Como nunca aproveitei
Vou matar essa saudade
Do canto que me criei.
***
Vai ter santo “Antoim Marim”
Santo Lourival Batista,
Santo Pinto do Monteiro,
Santo Dimas repentista.
Minha igreja é desse jeito
Quando eu fizer vai “tá” feito
E só vai ter santo artista.
***
Quantas vezes eu vou ter que dizer
Que criança de rua é gente sim?!
Quando é, meu Jesus, que vai ter fim
O descaso que traz tanto sofrer?
Inocentes nasceram sem saber
O que o mundo guardava de maldade…
Se espalharam no meio da cidade,
São chamados de burros e bandidos,
São por todos jogados, esquecidos…
E nem saber o motivo na verdade.
***
Sou mais um maltrapilho desgraçado
Aumentando a fileira da pobreza.
Meu viver não possui a sutileza
Do viver de um menino bem criado.
Sou apenas um rato camuflado,
Sou alguém sem futuro e sem destino
Sou cigano da vida peregrino
Das estradas que a fome produziu
Sou produto fiel “Made in Brazil”
Disfarçado no corpo de um menino.