44 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o jovem poeta Vinícius Gregório.

Papa – Vinícius Gregório Nogueira Gomes nasceu em São José do Egito no dia 06.05.1987, começou escrever poesias aos quatorze anos e em 2006 surgiu com destaque como declamador na Festa Universitária em sua terra. Julgo importante fazer o seguinte registro: Em 2021 estávamos em um evento alusivo ao centenário do poeta Quincas Rafael, em Jabitacá, e um jovem aluno de uma escola do município de Iguaracy antes de fazer sua declamação destacou: – “Vou recitar um soneto de um poeta jovem que gosto muito”, e recitou brilhantemente um soneto de autoria de Vinícius Gregório. O poeta hoje destacado é detentor de um talento extraordinário e uma figura humana carismática e com foco na cultura raiz, nos direitos humanos e na justiça social.

As estrofes abaixo foram extraídas do seu livro “Hereditariedade”, publicado em 2008, justifica esta pequena amostra o reconhecimento que o poeta recebe dos amantes da poesia.

Vou embora pra São Zé,

Pois lá sou amigo do rei.

Vou aproveitar a vida

Como nunca aproveitei

Vou matar essa saudade

Do canto que me criei.

***

Vai ter santo “Antoim Marim”

Santo Lourival Batista,

Santo Pinto do Monteiro,

Santo Dimas repentista.

Minha igreja é desse jeito

Quando eu fizer vai “tá” feito

E só vai ter santo artista.

***

Quantas vezes eu vou ter que dizer

Que criança de rua é gente sim?!

Quando é, meu Jesus, que vai ter fim

O descaso que traz tanto sofrer?

Inocentes nasceram sem saber

O que o mundo guardava de maldade…

Se espalharam no meio da cidade,

São chamados de burros e bandidos,

São por todos jogados, esquecidos…

E nem saber o motivo na verdade.

***

Sou mais um maltrapilho desgraçado

Aumentando a fileira da pobreza.

Meu viver não possui a sutileza

Do viver de um menino bem criado.

Sou apenas um rato camuflado,

Sou alguém sem futuro e sem destino

Sou cigano da vida peregrino

Das estradas que a fome produziu

Sou produto fiel “Made in Brazil”

Disfarçado no corpo de um menino.