45 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre outro talento do Pajeú, o poeta Zé Adalberto.

Papa – José Adalberto Ferreira, nasceu no sítio Juá, município de Itapetim (PE), em 25.06.1962. É um dos maiores poetas nascidos no Pajeú. Qualquer lista de poetas de bancada feita em nossa região terá o nome de Zé Adalberto. Carrega além do talento a simplicidade e humildade. Prova da sua humildade é dedicatória do livro “No Caroço do Juá” feita para este cronista: “Caro Ademar Rafael/Me desculpe se não há/Verso doce feito mel/No Caroço do Juá”. O conteúdo do livro é abundante em mel, mais doce é impossível.

As estrofes abaixo foram retiradas dos seus livros “No Caroço do Juá”, os dois primeiros e “Cenário de Roedeira” os dois últimos.

Quando um preso recebe um alvará

Assinado por quem aplica o código

Ele volta, parece o Filho Pródigo

Implorando perdão, seu pai lhe dá.

Entre o pai e o filho, agora, há

Um contrato afetivo, em vez de grade

E uma lágrima num gesto de humildade

Se ajoelha, entre os lábio faz o piso.

UMA GOTA DE PRANTO MOLHA O RISO

QUANDO UM PRESO RECEBE A LIBERDADE.

Meu salário, com pouca coisa, arca

Já há quase uma década congelado

E a grande avalanche do mercado

Soterrou meu dever de patriarca

Eu não ligo pra moda nem pra marca

Mas um livro eu procuro oferecer

Nem que o dono depois de me vender

Vença o prazo e me faça uma cobrança

O ESTUDO SERÁ A ÚNICA HERANÇA

QUE MEUS FILHOS TERÃO, QUANDO EU MORRER.

Quando um dia a ciência descobrir

Solução que iniba o meu desejo

De viver dependente do seu beijo

Como eu sou do seu corpo pra dormir

Vou pensar numa forma de existir

Sem a fórmula da química que tem nela

Mas enquanto a razão torcer por ela

É perdido eu lutar contra a vontade

QUANDO HOUVER CÉLULAS-TRONCO DE SAUDADE

POSSA SER QUE E A FALTA DELA.

Tua pele é fragrância inspiradora

Que perfuma meu todo até o rastro

Como o Nardo do Vaso de Alabastro

Que Jesus recebeu da pecadora

Tua boca de rosa sedutora

Virou tema da minha poesia

Se tivesse veneno eu beijaria

Pra morrer com alma perfumada

SE TU “FOSSE” UMA ROSA ENVENENADA

EU BEIJAVA SABENDO QUE MORRIA.