Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre outro talento do Pajeú, o poeta Zé Adalberto.
Papa – José Adalberto Ferreira, nasceu no sítio Juá, município de Itapetim (PE), em 25.06.1962. É um dos maiores poetas nascidos no Pajeú. Qualquer lista de poetas de bancada feita em nossa região terá o nome de Zé Adalberto. Carrega além do talento a simplicidade e humildade. Prova da sua humildade é dedicatória do livro “No Caroço do Juá” feita para este cronista: “Caro Ademar Rafael/Me desculpe se não há/Verso doce feito mel/No Caroço do Juá”. O conteúdo do livro é abundante em mel, mais doce é impossível.
As estrofes abaixo foram retiradas dos seus livros “No Caroço do Juá”, os dois primeiros e “Cenário de Roedeira” os dois últimos.
Quando um preso recebe um alvará
Assinado por quem aplica o código
Ele volta, parece o Filho Pródigo
Implorando perdão, seu pai lhe dá.
Entre o pai e o filho, agora, há
Um contrato afetivo, em vez de grade
E uma lágrima num gesto de humildade
Se ajoelha, entre os lábio faz o piso.
UMA GOTA DE PRANTO MOLHA O RISO
QUANDO UM PRESO RECEBE A LIBERDADE.
Meu salário, com pouca coisa, arca
Já há quase uma década congelado
E a grande avalanche do mercado
Soterrou meu dever de patriarca
Eu não ligo pra moda nem pra marca
Mas um livro eu procuro oferecer
Nem que o dono depois de me vender
Vença o prazo e me faça uma cobrança
O ESTUDO SERÁ A ÚNICA HERANÇA
QUE MEUS FILHOS TERÃO, QUANDO EU MORRER.
Quando um dia a ciência descobrir
Solução que iniba o meu desejo
De viver dependente do seu beijo
Como eu sou do seu corpo pra dormir
Vou pensar numa forma de existir
Sem a fórmula da química que tem nela
Mas enquanto a razão torcer por ela
É perdido eu lutar contra a vontade
QUANDO HOUVER CÉLULAS-TRONCO DE SAUDADE
POSSA SER QUE E A FALTA DELA.
Tua pele é fragrância inspiradora
Que perfuma meu todo até o rastro
Como o Nardo do Vaso de Alabastro
Que Jesus recebeu da pecadora
Tua boca de rosa sedutora
Virou tema da minha poesia
Se tivesse veneno eu beijaria
Pra morrer com alma perfumada
SE TU “FOSSE” UMA ROSA ENVENENADA
EU BEIJAVA SABENDO QUE MORRIA.