47 – DANÇAS BRASILEIRAS – TAMBOR DE CRIOULA

25

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre a dança Tambor de Crioula.

Papa – Muitas fontes que tratam o assunto asseguram que esta dança tem raízes africanas, para alguns tem largo apelo religioso e chegou ao Brasil no século XVII por meio dos escravos trazidos nos navios negreiros. Desde 2007 é Patrimônio Cultural do Brasil. O estado do Maranhão, por entender a dança como resistência cultural dos negros, concentra a prática em nosso território como forte expressão cultural afro-brasileira. Também conhecida como punga é executada no carnaval, nas festas juninas, em eventos alusivos ao São Benedito ou em festividades restritas para comemorar chegadas ou despedidas.

Houve época que era praticada somente pelas mulheres com suas saias rodadas, anáguas largas e estampas vivas. Com as modificações introduzidas no decorrer do tempo esta tradição foi alterada e a forma restrita foi flexibilizada. A dança é entoada por três tipos de tambores: Pequeno, classificado como crivador ou perrengue; médio, entendido como meio, meião ou chamador e grande, com a classificação de roncador ou rufador. Quem está no centro da roda convida outros participantes por meio de umbigadas ou pungas. No estado do Goiás o tambor é praticado com mais liberdade nas expressões corporais.

Interpretada pela magistral Alcione e da bela obra de Papete, extraímos a letra de “Tambor de Crioula”: “Quem ainda não viu/ Tambor de crioula do maranhão?/ Afinado a fogo tocado a murro/ Dançado a coice e chão?/ Crioula, crioula – Aê tambor da ilha rufou/ Aê ê a cachaça já baixou/ Aê ê tinidô, repipocou/ Aê ê a pungada derribou – Ô vira vira os óio pro rabo da saia dela/ Cambono tá inspirado e ogã cantando prela/ Requebra com peneirado, olerê rosa amarela/ Ô vira a boca cheia de dentes pr´outro lugar/ Palmito meu tu não come/ Besta é tu pode rinchar/ Coreiro de mão inchada olerê já vai parar – Ô dá licença minha gente eu vou m´embora/ Eu vou m´embora já está chegando a hora/ Eu vou m´embora mas um dia eu volto aqui – Se deus quiser jesus e nossa senhora/ Se deus quiser jesus me dê cachaça/ Se deus quiser jesus e dona da casa/ Se deus quiser jesus e cabocla jurema/ Se deus quiser jesus e dona da casa”.