Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Vamos falar hoje sobre o pajeuzeiro Zé Catota.
Papa – José Lopes Neto, Zé Catota, nasceu no sítio Riachão, de São José do Egito, em agosto de 1917. Dotado de uma simplicidade extrema e com a viola no peito um poeta “mal-assombrado” como diria o extraordinário Zeto. No final dos anos 1960, para comemorar uma reforma na casa onde nasci no Sítio Quixaba de Jabitacá – Iguaracy/PE, meu pai promoveu uma cantoria de Pinto do Monteiro, Lourival Batista e Zé Catota, foi meu primeiro contato com o mundo da viola presencialmente. Uma das maiores qualidades de Zé Catota era com uma rapidez invejável pegar na “deixa” do oponente e criar uma estrofe capaz de assustar que havia feito um belo improviso. Merece muito mais do que recebe, em termos de reconhecimento.
As estrofes abaixo, extraídas do livro “São José do Egito – Musa do Pajeú”, de Terezinha Costa, atestam o que acima foi falado sobre esse poeta genial.
Venho andando firmemente
Em qualquer noite de escuto
Mas escuto uma voz rouca
Sempre que contorno um muro
É a boca do presente
Chamando pelo futuro.
***
A pessoa que quer bem
Não pode gozar prazer
a noites sem dormir
a dias sem comer
Porque a mágoa que sente
Não se permite dizer.
***
Eu iro demais
O trabalho duma aranha
No seu tear inocente
Tanta beleza acompanha
Um lençol da cor de neve
No coração da montanha.
***
Estão vendo aquela velinha
Toda envolvida num manto
Com os olhos rasos ´d’água
Tomando banho em seu pronto
Cantava quando eu chorava
Hoje chora quando eu canto.
***
Hoje eu ei na Serrinha
Vocês sabem que é verdade
Fiquei com tanta saudade
Que pra’qui quase não vinha
Bem na porta ainda tinha
O sinal de um trovador
Vi escrito numa flor
Que rolava no caminho
HONRA AO BERÇO DE MARINHO
A GLÓRIA DE UM CANTADOR.