47 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Vamos falar hoje sobre o pajeuzeiro Zé Catota.

Papa – José Lopes Neto, Zé Catota, nasceu no sítio Riachão, de São José do Egito, em agosto de 1917. Dotado de uma simplicidade extrema e com a viola no peito um poeta “mal-assombrado” como diria o extraordinário Zeto. No final dos anos 1960, para comemorar uma reforma na casa onde nasci no Sítio Quixaba de Jabitacá – Iguaracy/PE, meu pai promoveu uma cantoria de Pinto do Monteiro, Lourival Batista e Zé Catota, foi meu primeiro contato com o mundo da viola presencialmente. Uma das maiores qualidades de Zé Catota era com uma rapidez invejável pegar na “deixa” do oponente e criar uma estrofe capaz de assustar que havia feito um belo improviso. Merece muito mais do que recebe, em termos de reconhecimento.

As estrofes abaixo, extraídas do livro “São José do Egito – Musa do Pajeú”, de Terezinha Costa, atestam o que acima foi falado sobre esse poeta genial.

Venho andando firmemente

Em qualquer noite de escuto

Mas escuto uma voz rouca

Sempre que contorno um muro

É a boca do presente

Chamando pelo futuro.

***

A pessoa que quer bem

Não pode gozar prazer

a noites sem dormir

a dias sem comer

Porque a mágoa que sente

Não se permite dizer.

***

Eu iro demais

O trabalho duma aranha

No seu tear inocente

Tanta beleza acompanha

Um lençol da cor de neve

No coração da montanha.

***

Estão vendo aquela velinha

Toda envolvida num manto

Com os olhos rasos ´d’água

Tomando banho em seu pronto

Cantava quando eu chorava

Hoje chora quando eu canto.

***

Hoje eu ei na Serrinha

Vocês sabem que é verdade

Fiquei com tanta saudade

Que pra’qui quase não vinha

Bem na porta ainda tinha

O sinal de um trovador

Vi escrito numa flor

Que rolava no caminho

HONRA AO BERÇO DE MARINHO

A GLÓRIA DE UM CANTADOR.