Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre a dança indígena Torém.
Papa – Esta dança representa um ritual sagrado e por este motivo merece respeito especial, podemos afirmar que é uma mistura que conduz traços de espiritualidade e marcas das brincadeiras saudáveis. Entendida como uma dança que simboliza resistência é executada no período da colheita do caju que serve como base da bebida sagrada “Mocororó”.
Os cantos são oriundos da língua nativa dos povos originais e carregam fortes características dessa origem. Em comunidade próxima do distrito de Almofala, no município cearense de Itarema esta dança é pratica com todo esmero. Habitantes dessa comunidade se destacam também como excelente artesãos Em outras parte do Nordeste existem registros sobre sua prática.
Esta manifestação cultural é praticada por pessoas de ambos os sexos. Em sua coreografia básica os praticantes posicionam-se em formação circular e sob influência do solista imitam animais em suas escaramuças. Os registros encontrados apontam, entre outros, os seguintes: Tainha, com seus saltos; guaxinins, com suas brigas; cobra caiana e seus botes além da jandaia e seu maravilho canto. O maracá tem participação ativa no embalo dos movimentos executados pelos praticantes durante a prática dessa dança.
De arquivo disponível em http://www.digitalmundomiraira.com.br, oriundo da Funarte, extraímos de “Torém”, interpretação de Trio Tremembé, em “Ritmos e sons do nosso folclore” os seguintes fragmentos: “Louvação, pedido de licença – Água de Manim – Navura vai inchê”: “O senhor dono da casa/ Licença, quero pedi/ Que nós queremos dirristi/ Nós queremos dirristi/ Nós queremos dirristi/ E o vevê tem manibóia/ Aninhá vaguretê/ Aninhá vaguretê – Água de manim/ Manima é cerecê/ Água de maninha/ Manima é cerecê/ O jaimevê, o jaimevê/ Água de maninha/ Manima é cerecê, oi/ Água de maninha/ Manima é cerecê – Navura vai inchê/Navura, navura vai inchê/ Navura, navura vai inchê/ Ai di pinima, niverana/ De verana boinguê/ Navura, navura vai inchê/Navura, navura vai inche”.