Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Francisco Julião, a líder camponês, será nosso foco hoje.
Papa – Francisco Julião Arruda de Paula nasceu em 16.02.1915 no engenho Boa Esperança no município do Bom Jardim (PE). Após infância com demais irmão na zona rural foi para Recife aos treze anos. Estudou no Instituto Carneiro Leão e para atender as necessidades básicas ou a ensinar em escola de Olinda. Cursou direito na Faculdade de Direito de Recife onde concluiu o bacharelado em 1939. Neste período foi estimulado pelas ideias marxistas a desenvolver massa crítica sobre a participação dos camponeses na transformação da sociedade brasileira, uma nação rural teria que utilizar essa força em favor do seu desenvolvimento. A vivência no ambiente considerado centro de oposição ao Estado Novo, com alcance nas ações do interventor Agamenon Magalhães, Julião foi detido por um dia no temido Departamento de Ordem Pública e Social (DOPS).
No início da década de 1940 do seu escritório de advocacia em Recife entrou na luta em defesa dos camponeses. Em sua luta enfrentou a sistema que explorava a mão-de-obra com o método denominado “cambão”, combateu a ameaça de expulsão de trabalhadores pelos donos das terras cuja posse ava por critérios questionáveis.
Ganhou destaque a sua ação na defesa de trabalhadores ameaçados pelos proprietários do Usina Santa Teresinha em Amaraji. Com o advento da redemocratização após o fim do Estado Novo, Francisco Julião entrou no Partido Republicano (PR), e concorreu a uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte, não obtendo êxito. Em referido pleito, vencido pelo general Eurico Gaspar Dutra, apoiou o brigadeiro Eduardo Gomes da União Democrática Nacional (UDN).
Nos ano finais da década de 1940 trocou o PR pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) pelo qual se elegeu deputado estadual em 1954. Nesta época já havia escrito o livro “Cachaça”, publicado no início da década de 1950, obra prefaciada por Gilberto Freire que abordava à prática que latifundiários usavam para pagar seus operários com a referida bebida. A principal obra de Francisco Julião foi a criação das Ligas Camponesas. Pelas lutas empreendidas foi alcançado pelo Ato Institucional nº 1.
O que busco aprender com Francisco Julião: “Coragem, defesa de trabalhadores explorados, luta pela terra e dignidade no campo, respeito às leis, busca pelos direitos…”. Outra vítima do sistema, nunca teve o reconhecimento merecido. Sua luta no entanto serviu de inspiração para os movimentos sociais.