Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos agora sobre a deslumbrante dança Vaneirão.
Papa – Este estilo tem origem no ritmo cubano denominado “habanera”, também “havaneira” daí ser encontrada como venerão ou vaneirão. Neste texto será escrita com o “i”. Conheci esta dança em 1985 no Centro de Tradições Gaúchas (CTG ), de Maracaju (MS). É parte integrante do folclore gaúcho e muito praticada nos estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Existem algumas variação no Vaneirão, a vaneirinha é lenta, a vaneira é moderada e o vaneirão tem ritmo acelerado.
Pela forte influência da cultura alemã em nosso país é muito praticada nos bailes tradicionais do Sul. As mulheres usam vestidos rodados e coloridos e os homens trajam camisas sociais, coletes e bombacha. A gaita é seu principal instrumento musical, acompanhado por outros instrumentos que criam ricas melodias. Boa parte das letras são rimadas com estilos que guardam semelhança com o sextilha da nossa cantoria de viola, contendo mais verso em cada estrofe. O violeiro Zé Viola e o poeta pajeuzeiro Delmiro Barros são bons interpretes de Vaneirão com uso de instrumentos ligados a cultura nordestina.
Da ampla obra de Gaúcho da Fronteira transcrevemos “Tão pedindo um Vaneirão”: “De vez em quando acontece de um conjunto estar tocando/ Num fandango bem bagual, vendo a indiada retocando/ No ouvido do gaiteiro de repente chega um peão/ E cochicha desse jeito: – Tão pedindo um Vaneirão! – Tão pedindo um Vaneirão, tão pedindo um Vaneirão/ O gaiteiro se entusiasma, capricha na animação/ Enfia os dez dedos na gaita do minguinho até o dedão! – O baile segue incendiado de mormaço e polvadeira/ Num bate casco serrado no balanço da Vaneira/ Antes que a marca termina num impulso de emoção/ Vem alguém correndo a grita: – Tão pedindo um Vaneirão! – Se o fandango é dos baita o pessoal fica contente/ As cozinheiras faturam no pastel e cachorro quente/ Não há trago que chegue e em meio a animação/ Nunca falta alguém que grita: – Tão pedindo um Vaneirão! – O entreveiro é completo dentro e fora do salão/ Carros mal estacionados, gente chamando o garçom/ Uns querendo entrar de graça e o porteiro diz que não/ E outros abrindo a matraca: – Tão pedindo um Vaneirão!”.