49 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o poeta e pai de poetas Zé Filó.

Papa – José Filomeno de Vasconcelos nasceu na cidade de Surubim (PE), em 04.01.1896, foi morador nas regiões do Pajeú e do Cariri paraibano, nesta segunda região encontrou a esposa Tereza Bernardo de Menezes. Não conheço um casal que tenha tantos descendentes poetas e poetisas igual Zé Filó e Mãe Tetê. No topo da lista estão os filhos Zeca, Manoel e Gregório, os outros filhos, filhas, netas e netos seguem produzindo poesia de alto nível. Tenho por essa família uma gratidão eterna. Nos primeiros meses de minha vida foi adotado como filho, considero-me como um Filó por adoção.

As estrofes abaixo transcritas foram retirada do livro “As Curvas do meu Caminho”, uma publicação que destaca obras de Manoel Filomeno de Menezes – Manoel Filó – O cantador sem viola.

No dia que eu for embora

Não volto mais pra ninguém

Sofrer demais é veneno

Viver demais é também.

***

Quem se vai sente saudade

Quem fica sente também

Que se vai saudade leva

Quem fica saudade tem…

***

Estou aqui como quem

Está num lugar deserto

Momentos pensando errado

Minutos pensando certo

Perto de quem estava longe

E longe de quem estava perto.

***

Estou vendo em minha casa

E na casa do vizinho

Mocinhas de vestidinho

Pulando e mando brasa

Formiga criando asa

Nos dá logo a entender

Que quer desobedecer

Às ordens do formigão

Na zoada do trovão

Voar para se perder.

***

Findando o claro do dia

Entra a noite pardacenta

A grande tristeza aumenta

Depois da Ave Maria

O mocho tristonho pia

A natureza estremece

A luz do dia esmorece

Faz a triste despedida

Nesta hora entristecida

O DIA DESAPARECE.