Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o poeta e pai de poetas Zé Filó.
Papa – José Filomeno de Vasconcelos nasceu na cidade de Surubim (PE), em 04.01.1896, foi morador nas regiões do Pajeú e do Cariri paraibano, nesta segunda região encontrou a esposa Tereza Bernardo de Menezes. Não conheço um casal que tenha tantos descendentes poetas e poetisas igual Zé Filó e Mãe Tetê. No topo da lista estão os filhos Zeca, Manoel e Gregório, os outros filhos, filhas, netas e netos seguem produzindo poesia de alto nível. Tenho por essa família uma gratidão eterna. Nos primeiros meses de minha vida foi adotado como filho, considero-me como um Filó por adoção.
As estrofes abaixo transcritas foram retirada do livro “As Curvas do meu Caminho”, uma publicação que destaca obras de Manoel Filomeno de Menezes – Manoel Filó – O cantador sem viola.
No dia que eu for embora
Não volto mais pra ninguém
Sofrer demais é veneno
Viver demais é também.
***
Quem se vai sente saudade
Quem fica sente também
Que se vai saudade leva
Quem fica saudade tem…
***
Estou aqui como quem
Está num lugar deserto
Momentos pensando errado
Minutos pensando certo
Perto de quem estava longe
E longe de quem estava perto.
***
Estou vendo em minha casa
E na casa do vizinho
Mocinhas de vestidinho
Pulando e mando brasa
Formiga criando asa
Nos dá logo a entender
Que quer desobedecer
Às ordens do formigão
Na zoada do trovão
Voar para se perder.
***
Findando o claro do dia
Entra a noite pardacenta
A grande tristeza aumenta
Depois da Ave Maria
O mocho tristonho pia
A natureza estremece
A luz do dia esmorece
Faz a triste despedida
Nesta hora entristecida
O DIA DESAPARECE.