Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre a vaquejada tradicional do nordeste e praticada em várias parte do Brasil.
Papa – Na Ilha de Marajó, entre suas diferentes manifestações culturais, encontramos a Dança do Vaqueiro que se caracteriza por uma dança que representa os movimentos e gestos dos vaqueiros ao laçar o boi. Com forte pitada da cultura marajoara, nos apresenta um belo espetáculo. Os participantes utilizam jaqueta, chapéu, avental, luvas e botas feitas de couro.
Registramos, no entanto, a nossa vaquejada que mesmo sem ser especificamente uma dança atrai, tal como o carnaval e as festas juninas, muitos tipos de danças. Segundo Câmara Cascudo tem origem nas antigas festas de apartação. Zé Marcolino, nas músicas “Fazenda Cacimba Nova” e “Serrote Agudo” destaca sua importância para nosso caldo cultural. Trata-se de uma festa com múltiplas matizes quanto a sua musicalidade e estilos de danças.
O Quinteto Violado eternizou as músicas “Toada de Gado”, de Vavá Machado e Arlindo Marcolino e “A Morte do Vaqueiro”, de Nelson Barbalho e Luiz Gonzaga, clássicos aqui transcritos: “Oh…Vaqueiro do meu Sertão/ Não despreza o teu gibão/ Nosso destino é marcado pela providência divina/ Assim se achou nas colinas Raimundo Jacó assassinado/ Seu nome serviu de fama/ Luiz Gonzaga gravou e o padre João celebrou uma missa encourado/ Os santos também sentiram/ Enviaram os poetas ouviram e os nordestinos aplaudiram uma toada de gado/ Os santos sentiram tanto, que derramaram seu pranto/ Raimundo Jacó nesse canto por nós é homenageado/ Eh, vida de gado, ôô… – Ê gado..ohhh…ê…/ Numa tarde bem tristonha/ Gado muge sem parar/ Só lembrado do vaqueiro que não vem mais aboiar/ Não vem mais aboiar tão dolente a cantar/ Tengo lengo tengo…/ Ê gado oh… – Bom vaqueiro nordestino/ Morre sem deixar tostão/ O seu nome é esquecido nas quebradas do Sertão/ Nunca mais ouvirão teu cantar meu irmão/ Tengo lengo tengo…/ Ê gado oh… – Sacudido numa cova/ Desprezado do senhor/ Só lembrado o cachorro que ainda chora a sua dor/ É demais, tanta dor não tem mais seu amor/ Tengo, lengo, tengo, lengo, tengo…/ Ê gado ohhh ê ê ê…”.