Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – O jornalista Juca Kfouri é sobre quem falaremos hoje.
Papa – José Carlos Amaral Kfouri, nosso Juca Kfouri, descendente de libanês, jornalista esportivo e investigativo nasceu em São Paulo no dia 04.03.1950, portanto no ano que perdemos o título em pleno Maracanã.
Para este cronista Juca e Armando Nogueira, sem ordem de preferência, são os jornalistas que melhor transferem as emoções do “gramado”, palco eterno dos artistas da bola, para textos impecáveis. Para mim, no entanto, há uma diferença entre os dois conteúdos produzidos. Amando foi um crítico com poesia, Juca é um crítico com polida acidez. Os estilos moldam os textos com extrema qualidade.
Nos anos de 1980 Juca Kfouri trabalhou no Departamento de Documentação (DEDOC), da Editora Abril, exerceu alto cargo na Revista Placar sendo protagonista em vários momentos. Com seu estilo contundente criou fama e arrumou muita “encrenca” com desafetos que estavam do lado podre do esporte. Entre suas denúncias cabem destaque “Máfia da Loteria Esportiva”, em 1982 e dos escândalos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em várias oportunidades, inclusive com depoimento contundente em Comissão Parlamentar de Inquérito (I).
Na Televisão, Juca ou pelas Rede TV, Tupi, Record, SBT, Globo e Cultura. Nesta última o programa Cartão Verde na companhia de José Trajano, Amando Nogueira e Flávio Prado desvendou muitos segredos do mundo da bola. Publicou vários livros, entre os quais destaco “Por que não desisto – Futebol, dinheiro e política” e “Confesso que perdi”. Na síntese do primeiro livro, que Tostão qualifica como indispensável, podemos ler: “…O autor concilia a beleza do esporte dentro do seu tempo regulamentar com os bastidores regados a negociatas e politicagem. Essa mistura contém muitos e antigos vícios, que permanecem atuais como se tivessem acontecido ontem…”. Na segunda publicação, um livro de memórias”, o autor afirma: “…Contei aqui o que vi com meus olhos, e contei do meu jeito mais de meio século de futebol e de jornalismo, a paixão que, sem perceber, tomou conta de mim e me levou a ser o derrotado mais feliz do mundo…”.
O que busco aprender com o jornalista neto de libaneses: “Coragem para denunciar o que está tirando o futebol dos campos e jogando em um mangue fétido, amor pelo futebol bem jogado, lealdade com seus princípios e valores morais, forma de transportar as emoções de um evento esportivo para impagáveis…”. Valeu Juca.