CNBB defende mais investimentos de todos, governo e sociedade, na educação

Dom Walmor de Oliveira, presidente da CNBB Foto: Divulgação

No lançamento da Campanha da Fraternidade de 2022, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Walmor Oliveira de Azevedo, disse que a educação precisa sempre receber mais investimentos de todos. Ele não se limitou a citar os governantes, mencionando também a necessidade de investimentos por parte de empreendedores, instituições e outros segmentos.

Todo ano, na Quarta-Feira de Cinzas, a CNBB, que é ligada à Igreja Católica, lança a Campanha da Fraternidade. O tema deste ano é “Fraternidade e Educação”. No lançamento, feito de forma virtual em razão da pandemia de Covid-19, integrantes da CNBB defenderam uma educação que vá além da inserção no mercado.

— A educação é pilar da paz e por isso mesmo precisa receber sempre mais investimentos significativos de todos, governantes, empreendedores, instituições, segmentos todos. Por isso mesmo a nossa Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, promovendo a campanha da fraternidade, busca fomentar a participação de todos no fortalecimento do campo educacional, iluminar compreensões, despertar comprometimentos e a convicção de que um tempo novo na sociedade se constrói e se sustenta através da prioridade da educação integral e qualificada, disse o presidente da CNBB em vídeo.

Em entrevista coletiva por videoconferência, Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB e bispo-auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, esclareceu o significado de “educação integral” usado na campanha.

— Educação integral, e integral aqui num sentido mais amplo que ela pode vir a ter. Não restringir a educação aos aspectos cognitivos e mercadológicos, mas perceber que o ser humano, além de razão e inserção no mercado de trabalho, é também por exemplo sentimento, ele é solidariedade, ele é compromisso socioambiental, e assim por diante. Que o processo educacional não forme apenas máquinas racionais para inserção no mercado. Se isso é importante, não é exclusivo. É preciso alargar. E alargar o horizonte para a fraternidade e solidariedade, afirmou Joel Amado.

Guerra na Ucrânia

Durante a coletiva, o bispo Joel foi questionado sobre a posição da CNBB em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia e também quanto à forma como o governo brasileiro está lidando com a situação. Enquanto boa parte dos líderes mundiais condenaram a ação russa, o presidente Jair Bolsonaro tem evitado criticar o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Primeiramente, o bispo disse é uma posição de toda a Igreja Católica ser contra a guerra e de se solidarizar com o sofrimento dos “irmãos da Ucrânia”. Depois, ao falar do governo brasileiro, criticou quem adota uma postura de neutralidade.

— Aqui não se trata apenas da posição do governo brasileiro, mas se trata da posição de todas as instâncias que neste momento não se posicionam claramente contra a guerra, ou se você me permitir dizer assim, não se posicionam claramente a favor da paz. Há uma responsabilidade que é humana, independentemente de crença, independentemente de qualquer outra coisa, que é a responsabilidade pela paz. Quando a nossa opção não é pela paz, entre outras coisas, nós nos desumanizamos. Isso se aplica, a começar por mim, a você, a qualquer pessoa que efetivamente não trabalhe a paz. Não basta cruzar os braços e dizer: eu não contribuí para a guerra. Se há uma guerra, se há uma violência, se há uma invasão, enfim, se há o nome que se quer dar, é preciso manifestar indignação e trabalhar pela paz, afirmou o secretário-geral da CNBB.

Em outro momento, ele voltou ao assunto:

— Sobre esse exemplo que nos entristece tanto, da Ucrânia, nós saímos de uma pandemia, e agora entramos num pandemônio de guerra. E vamos assim construindo um mundo que nos assusta.