PERNINHA EM NOVA VERSÃO

A guerra e suas catástrofes

Por Danizete Siqueira de Lima

Como se não bastassem em nosso planeta as milhares de vidas perdidas por força de uma Pandemia, provocada pelo corona vírus e suas variantes ao longo de pouco mais de 2 anos, nos aparece, repentinamente, uma guerra desencadeada no continente europeu, envolvendo dois países vizinhos e irmanados por uma vida inteira, simplesmente por abuso de poder e interesses escusos de uma super potência, alheia às catástrofes mundiais que poderão advir em consequência dessa batalha.

A guerra, que já entrou em sua quarta semana, tem feito um estrago enorme na Ucrânia e suas adjacências, a exemplo da capital Kiev, onde se localiza a maior concentração do exército russo, com o firme propósito de uma total invasão. O pior de tudo, além dos efeitos devastadores, são os problemas externos que afetam os outros países, no que tange à cadeia produtiva nas importações e exportações de produtos e serviços.

Como se sabe os russos tem a maior reserva de gás natural do mundo e umas das maiores reservam de carvão e de petróleo. Um outro detalhe curioso é que, somente em 2021, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Rússia produziu 88,9 milhões de toneladas de trigo, ficando atrás somente da União Europeia, China e Índia. Além disso, a sua economia é caracterizada pelo forte setor militar, industrial e científico.

No caso específico do Brasil a nossa dependência maior fica na produção de alimentos pelo prejuízo no fornecimento russo, de defensivos agrícolas. Para se ter uma ideia, apesar de ser uma grande potência no Agro negócio, o Brasil importa 75% dos fertilizantes que usa e, tem no país russo o seu principal fornecedor. Para piorar ainda mais esse cenário o nosso estoque de fertilizantes é suficiente para atender um consumo de apenas 90 dias, aproximadamente. E depois, como ficará?

A guerra Rússia/Ucrânia chegou em um momento muito crítico para os brasileiros que vem, há quase seis meses, convivendo com uma inflação de dois dígitos, que tem provocado um crescente aumento das dívidas, como se já não bastasse o fantasma do desemprego batendo em nossas portas.

Esse aumento de combustível anunciado na última quinta feira (10), não pode ser atribuído simplesmente à invasão da Ucrânia. Trata-se, também, de uma política de proteção aos investidores, em detrimento do sacrifício à população consumidora.

Com a continuidade da guerra as consequências irão além dos aumentos de combustíveis, alimentação e outros itens básicos necessários à nossa sobrevivência, e o governo federal terá muito trabalho pela frente na equação dos problemas que irão surgindo.

Por ora, em nossa humilde avaliação, quiséramos que os efeitos da guerra ficassem somente nos arredores da Petrobras. Mas, sem sombra de dúvida, como diria um grande amigo nosso: O buraco é bem mais embaixo do que se imagina.