43 – DANÇAS BRASILEIRAS – SARANDI

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Voltemos para região do pantanal mato-grossense, fale-nos sobre a dança Sarandi.

Papa – A nossa riqueza cultural é ilimitada, muitas vezes encontramos variáveis de uma dança que nasce com características tão fortes que se não examinadas com critério deixamos de ver tais influências. Na dança de roda Sarandi, também conhecida como cirandinha, é uma das mais belas manifestações culturais do Centro-Oeste. Tem traços da ciranda e forte ligação com a temática infantil, tornando-se rota para inserção das crianças no mundo fantástico da dança.

Tem uma coreografia baseada na simplicidade. Em como de letras fáceis e música envolvendo os dançarinos posicionados em formação circular, dançam de mãos dadas girando em torno do próprio eixo, com quatro os para a direita, começando-se com o pé esquerdo, na batida forte do bombo, balançando os ombros de leve no sentido da direção da roda. Cabe destacar os três modelos de os mais conhecidos: onda, sacudidinho e machucadinho.

A seguir a transcrição de “Ciranda Pantaneira”, versão de Chico de Lacerda e Jairo de Lara, composição de Chico de Lacerda, Moacir de Lacerda e Vandir Barreto: “Quem conhece carandá, quem conhece camalote/ Quem conhece tarumã é do pantanal/ Ser pantaneiro é sentir o cheiro da fruta/ Nadar em águas barrentas/ Remar em águas correntes/Ser pantaneiro é a fuga da morte/ É a busca da vida/ Tem cheiro de cama lote, tem gosto de tarumã/ Pantaneiro chegou a hora de você cantar/ Pantaneira chegou a hora de você dançar/ E mostre essa ciranda nascida no Pantanal/ ‘Marrequinha da lagoa, tuiuiú do pantaná/ Marrequinha pega um peixe, tuiuiú já vem pegá’/ Na beira de mil lagoas/ Vou remando minha canoa/ Eu não faço verso à toa, sou molhado pela cheia/ Sou queimado pelo sol, tiquira que vem subindo/ Peixe grande vem atrás/ Na flor desse camalote meu canto não é de morte/ Jenipapo é isca forte, pescador do pantanal/ Sou burro pantaneiro, sou vaca pantaneira/ Na folha que a água leva, leva o bem e leva o mal/ Eu sou burro pantaneiro, sou fruta do pantanal/ Onde nasce carandá não nasce caraguatá/ Onde tem caraguatá tem buraco de tatu/ Onde tem caraguatá cavalo não pode andá”.