Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Faça-nos um relato sobre Biu de Crisanto.
Papa – Severino Cordeiro de Sousa, no mundo da poesia conhecido como Biu de Crisanto, nasceu no município de São José do Egito, no Povoado São Vicente, em 1929. Destaco que a obra desse poeta deveria ser melhor reconhecida. Não entro em detalhes para não fugir do propósito desta coluna.
Segundo texto de Geraldo Palmeira, disponível na rede mundial de computadores, seu primeiro poema foi composto aos oito anos de idade sob o título “Vida na Roça”. Em vida escreveu o livro “Meu trigal” e deixou poesias para com composição do segundo título “Meu madrigal”. Após acidente ocorrido na cidade de Jacobina – BA, fato que o deixou impossibilitado de andar, ou a residir em sua terra natal onde por meio da poesia e da leitura tentou superar os obstáculos a ele impostos pela vida.
O décima a seguir espelha a situação atual no Brasil e no mundo, e foi extraído do poema “Fase semifeudal”:
…’“Libertas quae será tamem” Quem dissera, quem dissera, A frase existe entre nós Liberdade quem nos dera! De que vale independência! Onde não há consciência Moral nem patriotismo, Onde o Direito se vende! A Lei covarde se rende Aos pés do capitalismo…”’.
Fechamos essa breve agem pela vasta obra de Biu de Crisanto com o soneto “Dúvida”:
“Nasci! De onde vim é que não sei, Enfim, também não sei para que vim, Se vim para voltar para que fiquei, neste intervalo de incerteza assim? Não foi do pó fecundo que brotei, não sei quem tal missão me impôs a mim, O acaso não foi, já estudei… Desta incumbência desconheço o fim. Sou a metamorfose das moneras desagregadas nas primeiras eras, reunidas hoje nesta luta infinda. Sou a agem irreal da forma submetida aos desígnios da norma, do meu princípio não sei nada ainda”.