Folha de S.Paulo
Após uma temporada de 89 dias nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou ao Brasil na manhã desta quinta-feira (30), para tentar liderar a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao mesmo tempo em que precisará se defender em investigações —que vão do caso das joias da Arábia Saudita aos ataques de 8 de janeiro.
O avião comercial vindo de Orlando pousou no aeroporto internacional de Brasília às 6h38 desta quinta-feira. Ele não deve sair pelo saguão tradicional do aeroporto, seguindo determinação das autoridades de segurança. O ex-mandatário agora deve seguir para a sede do PL, onde participa de um evento com correligionários e apoiadores. A imprensa não será autorizada a acompanhar, a pedido do próprio Bolsonaro.
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal preparou um esquema de segurança especial para a chegada do ex-presidente.
Bolsonaro partiu para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro, às vésperas do fim do seu mandato presidencial. O objetivo foi não precisar ar a faixa presidencial para Lula, ignorando dessa forma o ritmo democrático de transferir simbolicamente o poder a seu sucessor.
Bolsonaro vai assumir o cargo de presidente de honra do PL, com salário de cerca de R$ 40 mil. Ele vai morar em uma casa dentro de um condomínio de alto padrão em Brasília.
O ex-mandatário vai buscar liderar a oposição ao governo Lula. Mas também terá que se dedicar a defender-se de diferentes investigações, inclusive sobre os ataques de 8 de janeiro.
O próprio Bolsonaro foi incluído no inquérito que apura a instigação e autoria intelectual dos ataques golpistas, numa decisão do ministro Alexandre de Moraes. Além do mais, Bolsonaro vai precisar responder a ações judiciais que podem torná-lo inelegível ou até acusado em processos criminais.
O ex-mandatário pode responder por vazar dados de investigação sigilosa da Polícia Federal, por interferir no órgão, por difundir fake news, entre outras acusações. Só no STF, seis inquéritos apuram condutas de Bolsonaro que podem configurar crimes. Além disso, há outras 16 ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem torná-lo inelegível.
Bolsonaro também vai precisar enfrentar o desgaste político e responder pelo caso das joias vindas da Arábia Saudita. Nesta quarta-feira (29), o ex-presidente e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram intimados pela Polícia Federal a depor sobre o caso. Os depoimentos foram marcados para o dia 5 de abril.