34 – NA SEXTA UMA CESTA DE VERSOS

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Fale-nos sobre o poeta das Varas, seu pai Quincas Rafael.

Papa – Joaquim Rafael de Freitas, o Quincas Rafael, nasceu em Afogados da Ingazeira em 02.03.1921. Autodidata e contador de histórias e “estórias” minha grande de fonte de inspiração como cidadão e incentivador extremo. Escreveu os livros “Afogados deu de tudo”, somente com poesias e “Jabitacá segundo Quincas”, com relatos sobre personagens do Pajeú, destaque para o cangaceiro Adolfo Rosa Meia Noite e poesias. Nas estrofes abaixo um pouco da produção do “Poeta das Varas”, a primeira de arquivos do Instituto Cultural Quincas Rafael (ICQR), e as demais da sua obra escrita no segundo livro. A paixão que tenho em relação à leitura e a capacidade de escrever são heranças recebidas de grande libertário do Sítio Quixaba.

Brasil da disparidade

Aonde a criança morre

Onde o poder não socorre

Do pobre a necessidade

Quanto maior a cidade

Maior a falta de pão

Não haverá produção

Enquanto Delfim der fim

Se não der fim a Delfim

Delfim dá fim a nação.

***

Por eu ser tão cabeçudo

Levei a vida a sofrer

E para sobreviver

Na vida já fiz de tudo

Devido meu pouco estudo

Quase nada fui na vida

Sou estrela opaquecida

Numa noite de escuro

Talvez que Deus no futuro

Diminua minha lida…

***

…Eu fui um desmiolado

Nunca tomei um conselho

Hoje sirvo de espelho

Pra quem é desmantelado

Olho a reta do ado

E vejo que esmaguei

Tanta coisa que gastei

Sem haver necessidade

Até minha mocidade

Sem precisão estraguei.

***

Aquele que muito andou

Está perto de chegar

O fim desta grande reta

Vejo um pano tremular

Já vou descendo a ladeira

Por certo é a bandeira

Mostrando onde vou parar.