Projeto reverte multas em incentivo financeiro para criadores de abelha em Arcoverde e Serra Talhada

Depois da temporada de chuva que atingiu o Sertão pernambucano, as flores coloridas ressurgiram como um verdadeiro banquete para as abelhas. De flor em flor, elas extraem o néctar, que é a matéria-prima do mel.

O cenário é positivo para os apicultores que vivem nas cidades de Arcoverde, Serra Talhada, Ibimirim e Chã Grande. Afinal, é com a produção de mel que eles garantem o “pão de cada dia”.

Um dos pioneiros na criação de abelhas é o padre Adilson, que há mais de 10 anos vive na região. Foi com a ajuda dele que dezenas de famílias receberam um incentivo financeiro para investir em atividades apícolas.

Padre Adilson desenvolveu um projeto que rea parte dos valores obtidos de multas trabalhistas, no estado de Pernambuco, para trabalhadores rurais, com a intenção de estimular as culturas regionais.

A iniciativa ganhou fôlego há dois anos, quando o Ministério Público do Trabalho ofereceu R$ 600 mil para produtores de mel da região. A manobra foi possível graças à Lei de Fundo Estadual do Trabalho, criada em 2019, que garante o uso de valores provenientes de multas e autuações trabalhistas para fomentar e estimular o empreendedorismo.

Após a criação do projeto, as famílias produtoras receberam colmeias, roupas e equipamentos de proteção. Hoje, cerca de 150 apicultores da região garantem renda com a produção de mel. Por ano, eles exportam mais de 70 toneladas do produto.

Quem também se beneficiou com o projeto foi Régis Lira, que cuida de 100 colmeias. Além da produção de mel, ele ou a construir e a vender casas para as abelhas.

Todo o mel extraído pelos produtores da região é levado para a “casa do mel”, local istrado pela Associação dos Apicultores de Arcoverde e Região, onde é feito o processamento e a rastreabilidade do produto.

Por conta das condições climáticas únicas, há quem diga que o sabor do mel produzido na Caatinga é diferente.

Segundo o biólogo Jaques da Silva, a região é tomada por abelhas da espécie Apis Mellifera – comumente chamadas de “Africanizadas” – que são um cruzamento de variedades da Europa e da África.

A apicultura é uma atividade que vai além da produção de mel. Para manter a criação de abelhas é preciso preservar e reflorestar a Caatinga.

Pensando na luta pela preservação do Bioma, os apicultores da região também aram a produzir mudas de espécies nativas. Celso Souza é um dos exemplos. Além da atividade apícola, ele já plantou mais de 30 mil mudas.