Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Falaremos nesta data sobre o mestre Ariano Suassuna.
Papa – Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves atual cidade de João Pessoa. Muito pequeno sentiu na família os impactos negativos que a política pode trazer. Seu pai João Suassuna foi tragado pela Revolução de 1930 e o menino que nasceu em berço de ouro ou a residir em Taperoá, Sertão da Paraíba nos turbulentos tempos de Getúlio Vargas. Nos anos 1940 o Recife ou a ser sua casa.
Encontramos em fontes vinculadas à biografia do Ariano as seguintes profissões: Escritor, dramaturgo, romancista, artista plástico, professor, poeta e advogado. Sobre as duas últimas ele mesmo em diversas palestras apontava seus limites. Como poeta reza a lenda um diálogo que teve com o poeta pernambucano Dimas Batista acerca do tempo que levou para concluir um soneto e como advogado mencionou em várias oportunidades que não levava jeito.
Estes registros não reduzem em nada a contribuição que Ariano Suassuna deu para cultura brasileira. Eu entendo que nada é mais ligado à cultura raiz do que a autenticidade e isto o dramaturgo paraibano tinha para dar, vender e emprestar. Em vários locais onde prestei serviços, nos contatos com pessoas ligadas à cultura, sempre ouvi o nome de Ariano Suassuna como destaque. Alguém poderia não aceitar algumas das suas ponderações, mas nunca as descartaria por inteiro.
Desde 1947 quando escreveu seu primeiro texto até data que nos deixou, Ariano Suassuna produziu uma invejável obra. O “Alto da Compadecida” e “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, são as obras mais famosas. Ariano trilhou por um caminho que não fosse o ranço preconceituoso da premiação teria um Prêmio Nobel de Literatura. As diversas premiações que recebeu valorizam seu legado. Em conjunto com Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Adonias Filho, Affonso Arinos, Roberto Burle Marx e outros foi fundador e defensor do Conselho Federal de Cultura. Ocupou cadeiras nas Academias Pernambucana, Paraibana e Brasileira de Letras. Assistiu o sucesso dos seus textos no teatro, na TV e nos cinemas.
O que busco aprender com o intelectual nordestino Ariano Suassuna: “Autenticidade, zelo e defesa da cultura raiz, negação às culturas impostas pela mídia venal e com interesse somente no lucro, versatilidade, poder de comunicação…”. Em nome dos artistas anônimos do nordeste, obrigado mestre Ariano.