Folha de S.Paulo
Marcelo Moreira, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), deixará o cargo nas próximas semanas. Se não houver nenhum imprevisto, o posto ará a ser ocupado pelo atual gerente-executivo de Estratégia e Finanças da Empresa, Lucas Felipe de Oliveira.
O provável futuro diretor-presidente da estatal tem o aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A mudança marcará um aumento do poder do parlamentar sobre uma estatal que atrai interesses de vários políticos. Além disso, mostra o senador como canal quase exclusivo de negociação entre o governo federal e o União Brasil.
Nos últimos anos, a influência sobre a Codevasf era principalmente da Câmara. Moreira havia sido indicado por um grupo de deputados liderado pelo antigo líder do União Brasil na Casa Baixa, Elmar Nascimento (BA). A nomeação foi em 2019, no governo de Jair Bolsonaro (PL), mas foi mantida na gestão Lula.
A Codevasf é uma das estruturas mais cobiçadas do Executivo federal porque facilita a execução de emendas parlamentares. Políticos do Nordeste, principal área de atuação da estatal, tradicionalmente disputam indicações no órgão.
Atual diretor-presidente, Marcelo Moreira avisou o governo há cerca de um mês que deixaria o cargo para trabalhar no setor privado. O movimento foi mantido sob sigilo para tentar reduzir a disputa pelo posto.
O próprio Moreira sugeriu que Lucas Felipe de Oliveira fosse seu sucessor. A ideia era escolher um nome que não trouxesse consigo carga política.
A indicação saiu depois de Alcolumbre concordar com a proposta. O nome está em análise na Casa Civil, por onde am todas as nomeações para o governo federal.
A Codevasf foi entregue na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro ao controle do Centrão em troca de apoio.
A empresa mudou sua vocação histórica de fazer projetos de irrigação no semiárido para se tornar uma grande executora de obras de pavimentação e distribuidora de veículos, máquinas e produtos a redutos de padrinhos de emendas parlamentares.
Uma série de investigações sobre a Codevasf durante o governo Bolsonaro prosseguiram sob a gestão Lula. A gestão petista ampliou a atuação da empresa.