Antes do resultado do 2º turno, Raquel Lyra acelera visando 2026

Por Terezinha Nunes

“No final de 2025, a governadora Raquel Lyra terá tantas obras para inaugurar que vai faltar espaço e tempo em sua agenda para atender às necessidades”. A afirmação é do secretário de planejamento do estado, Fabrício Marques, quando indagado se tudo que a governadora tem anunciado de obras nos últimos dias vai, efetivamente, sair do papel.

E não é para menos, afinal, em uma semana, ela colocou na rua o Águas de Pernambuco com recursos garantidos de R$ 6 bilhões para obras de abastecimento d´água e saneamento, e o PE na Estrada com R$ 5 bilhões, igualmente garantidos para construir e recuperar rodovias estaduais entre elas o esperado Arco Metropolitano. A própria governadora citou o programa de estradas como “o maior da história do estado” nesse setor.

Ainda tem mais? Nos gabinetes do Palácio das Princesas fala-se que chegam a R$ 20 bilhões os recursos garantidos para dar uma grande alavancada no estado até o final de 2026 e meados de 2027.

Na verdade, é preciso computar aí os R$ 5 bi já anunciados para a Educação, sem falar em saúde e segurança.

Em 2027, a governadora só estará no Palácio das Princesas se vencer a campanha pela reeleição em 2026, mas um assessor adianta-se a explicar: “Ela é tão focada no combate a obras inacabadas que cuida de assegurar os recursos mesmo que eventualmente não continue no posto”.

São notícias alvissareiras para uma istração que ficou um ano batendo cabeça e acumulando problemas de relacionamento com a Assembleia Legislativa e os demais poderes, tendo como única resposta, além da dificuldade de entendimento com a classe política, a de que estava “arrumando a casa”.

Essa situação que levou Raquel a baixos índices de aprovação e a deputados estaduais mais afoitos sonharem com impeachment, pelo visto, ficou definitivamente para trás.

A própria solenidade na qual foi anunciado o PE na Estrada foi prova disso. Dezenas de deputados estaduais compareceram, incluindo estaduais e federais do PT, além de representantes dos poderes constituídos, os mesmos que há um ano se juntaram para pôr em dúvida a previsão orçamentária do estado junto com a oposição na Alepe e que, por pouco, não termina em uma grande confusão.

Raquel fez questão de alinhar em seu discurso que o relacionamento entre os poderes está restabelecido – há menos de um mês reuniu os dirigentes do TJ, TCE, MP e o presidente da Alepe, Álvaro Porto, para um almoço durante o qual foi oficializado o entendimento em torno da LDO de 2024, que garante o ree de 8,3% da receita do estado para os poderes Legislativo, Judiciário e órgãos de controle.

Tinham sido oferecidos anteriormente 6% diante de um pedido inicial de 11%, mas prevaleceu o meio-termo.

Um dos participantes do almoço revelou: “Vivemos um novo momento de diálogo e isso é muito positivo. Entendemos que o primeiro ano de todo Governo é difícil mas agora está tudo bem”.

Em entrevista, ela foi mais além: disse que entregou a Álvaro Porto – seu maior desafeto durante o ano de 2023 e que continua sendo oposição na Alepe – a condução da escolha da nova mesa-diretora da Assembleia (a eleição anterior foi anulada pelo STF).

E adiantou que seu relacionamento com o poder legislativo “deve ser conduzido com paz e harmonia”. Tudo que não aconteceu no primeiro ano de istração.

O que teria mudado? Na Assembleia Legislativa alguns deputados acham que Raquel finalmente conseguiu, em um ano e meio, onde fez 55 viagens a Brasília, como ela própria gosta de lembrar, ganhar confiança em sua istração e tomar as providências necessárias para que os recursos para obras fundamentais sejam assegurados.

“Ela trabalha sempre com a perspectiva de só lançar um programa ou projeto com o dinheiro garantido, ao contrário do que fazem alguns es públicos”, diz o secretário de planejamento.

Olhando pelo viés político, um deputado da base governista diz que Raquel “deve estar percebendo que precisava correr para não chegar atrasada em 2026“.

O certo é que, antes do resultado do segundo turno, que só sai este domingo, o acelerador foi ligado no Palácio do Campo das Princesas.

Primeiro foi anunciada a reconstrução da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, cujo teto desmoronou matando e ferindo fiéis.

Em seguida vieram os anúncios de recuperação de prédios históricos no centro do Recife, como a sede do Diário de Pernambuco, que se encontra abandonada há anos, o Liceu de Artes e Ofícios, na Praça da República, a restauração da Igreja Matriz de Santo Antonio; e foi marcado para este dia 1º de dezembro a reabertura do Cinema São Luiz.

A governadora anunciou ainda a destinação do prédio da antiga fábrica da Tacaruna para uma escola técnica.

Um assessor dá um palpite: “Ela está tirando da gaveta projetos de recuperação de prédios históricos deixados no abandono, assim como vai concluir as centenas de obras inacabadas no estado”.

Isso dá resultado? Só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa, como comentava esta semana um dirigente partidário da base governista: “Ela entrou em campo e está disposta a participar do jogo. Os adversários que se cuidem”.