Aliados no governo federal, o PT e o PSB, partidos do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin, encontram dificuldades para fechar acordos em pelo menos dois estados do Nordeste para as eleições estaduais em 2026. Em Pernambuco, a tendência é de que o presidente Lula tenha dois palanques no estado com as candidaturas do atual prefeito de Recife, João Campos, do PSB, e da governadora Raquel Lyra, ex-tucana que migrou recentemente para o PSD, também da base lulista. Parte dos petistas apoia Campos, e outra ala prefere Raquel.
Em Pernambuco, um grupo do PT mantém apoio incondicional ao prefeito João Campos. É liderado pela senadora petista Tereza Leitão e pelos irmãos Oscar e Osmar Paes Barreto, ambos da corrente Democracia Socialista e bastante influentes no Diretório Municipal do PT de Recife. Oscar é secretário Municipal de Meio Ambiente de João Campos, e Osmar, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Recife.
Outro grupo, liderado pelo senador Humberto Costa e pelo deputado e ex-prefeito João Paulo, é contra o apoio automático a Campos. Integrantes dessa ala item a possibilidade de apoiar Campos, mas também não descartam a adesão à candidatura de Raquel Lyra. “Não há uma definição. Mas acredito que o melhor cenário para a reeleição do presidente Lula, se não houver uma unificação em torno de um único palanque, o que eu acho muito difícil, são os dois palanques”, afirma o deputado. “Se for Raquel, eu vou com Raquel. Se for com João, eu vou com João. Se for dois, estaremos com os dois”.
O deputado é mais inclinado a apoiar Raquel. “Eu tenho uma relação muito boa com ela. Tenho uma relação excelente. Acredito muito no trabalho que ela faz. Tenho uma simpatia por ela, é claro, mas vou acompanhar a decisão do partido”, garante João Paulo.
O senador Humberto Costa, presidente interino do PT nacional e candidato à reeleição pelo Estado, reforça que ainda não há qualquer decisão, que levará em conta as alianças nacionais feitas pelo presidente Lula. “Essa decisão ficará para mais adiante, até porque o PT está ando agora por esse processo de escolha da nova direção. E esse trabalho será feito pela nova direção”, disse Costa.
Sobre as chances de o apoio ir para Campos ou Raquel, Costa afirma que há uma relação “mais ampla” com o PSB, apesar de essa convivência apresentar “altos e baixos e momentos de aproximação e de ruptura”. Mas diz não saber “se é esse o critério que vai prevalecer”. Há um consenso no PT, no entanto, em torno da candidatura à reeleição do próprio Humberto Costa. Se houver o acordo em uma única chapa a ser apoiada – com Campos ou, com menos chance, com Raquel –, um dos candidatos ao Senado deve ser o senador.