Blog Dellas
É voz comum na política que antecipar uma campanha eleitoral interessa muito à oposição e não a quem está no Governo e tem a preocupação de cuidar da istração e das entregas. Entre outras coisas porque um governante está em evidência até pelo cargo que ocupa, não precisando de holofotes extras para se fazer conhecido ou expor suas ideias.
Sem querer, no entanto, ou mesmo querendo – não se sabe o que está pensando sobre isso – a governadora Raquel Lyra acabou levando a campanha para as ruas ao realizar o grande ato de filiação ao PSD no último dia 10 de março ao qual compareceram lideranças nacionais e regionais do seu partido, deputados federais e estaduais pernambucanos e inúmeros prefeitos e vereadores.
Na quinta-feira ada, depois do alvoroço que criou, a governadora viajou com os filhos para o Exterior, tirando um descanso de 15 dias. O barulho, porém, continua. Em seu evento ela deu uma estocada no prefeito João Campos, seu principal opositor em 2026, quase que chamando-o para a briga ao afirmar “não estou aqui esquentando cadeira para quem se acha dono do poder”.
Referia-se, aos que estavam falando no meio político que se não reagisse politicamente ela acabaria deixando na máquina pública muitos recursos para João Campos istrar. O seu arroubo, porém, acabou abrindo espaço para uma antecipação dos debates a um ano e meio da eleição.
João Campos, o alvo de Raquel, nada respondeu e até compareceu ao encontro que ela marcou com os prefeitos metropolitanos no Palácio das Princesas esta terça-feira e chegou a elogiar a iniciativa mas, um efeito colateral da fala da governadora se refletiu na campanha para o Senado.
Com candidatos demais e vagas de menos, semana ada foi como se de repente os pré-candidatos ao Senado resolvessem também entrar na briga pra valer.
Quase todos aram a reverberar na Internet depoimentos de deputados estaduais e outros correligionários, sobretudo do interior, falando nos seus nomes e os defendendo para ocupar o cargo.
Não demorou muito, porém, para o mais afoito deles, o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, partir pra valer em cima dos concorrentes. Foi ao Instagram cobrar do ministro Silvio Costa Filho, que disputa com ele espaço na chapa do prefeito João Campos, providências por conta da redução dos voos do Recife para Petrolina o que, segundo ele, elevaria o preço da agem ida e volta a impraticáveis R$ 4 mil. Silvio não gostou e respondeu: “está resolvido e Miguel sabe disso”, dando uma reprimenda no provável concorrente.
Depois o mesmo Miguel questionou os senadores Humberto Costa (PT) e Fernando Dueire (MDB) sobre a falta de empenho em resolver alguns problemas como o do metrô do Recife e falou que cada um deles tem direito a R$ 200 milhões de emendas orçamentárias anuais. Coube a Humberto rebater.
Desmentiu que o volume de recursos fosse esse – é menos de metade, segundo afirmou – e foi duro ao se referir ao ex-prefeito de Petrolina: “é um bolsonarista que mudou de discurso após a eleição”.
“Acho que Miguel quer se inviabilizar dos dois lados da balança. Deste jeito vai acabar com problemas para entrar na chapa de João e de Raquel”, comentou um dos concorrentes pedindo anonimato. “não quero entrar em bola dividida”.
Na verdade, Miguel, que se lançou candidato ao Senado e afirmou que vai começar sua campanha agora em abril. Se for para a chapa de João Campos, pode ter como companheiro de chapa o próprio Silvio ou mesmo Humberto que, pela resposta, pode não querer tê-lo como parceiro.
Se terminar no palanque de Raquel pode ter que encarar o mesmo Humberto ou Fernando Dueire.