Briga política em Serra Talhada envolvendo Marília Arraes pode ir até o dia da eleição

A eleição de Serra Talhada, trouxe à tona os problemas de relacionamento entre a ex-deputada federal Marília Arraes e o deputado estadual Luciano Duque, e caminha para um acirramento sem precedentes. Foi o que se viu nesta sexta-feira (24), quando Marília deu entrevista à Rádio Folha, acusando Duque de ter ficado na base de Raquel Lyra sem antes combinar com ela. O deputado tinha acabado de dar uma entrevista coletiva no município anunciando sua pré-candidatura a prefeito, disse que vai “até às últimas consequências” para garantir o seu direito de disputa e acrescentou: “já não basta à violência praticada contra mim, negando-me o direito legítimo de disputar pelo meu partido ou de deixar a legenda, a tempo de me filiar a outro partido”.

À afirmação de Marília Arraes sobre sua ida ao presidente nacional do partido, Paulinho da Força, sem antes comunicar-lhe, Duque explicou: “fui a Paulinho porque sabia que Marília não me queria na disputa e precisava saber se o partido poderia me liberar a tempo de mudar de legenda pois essa é uma decisão nacional. Ele me pediu para procurá-la. Eu telefonei diversas vezes para ela, tenho todos os registros, e a resposta era sempre a mesma: de que esperasse, mas nunca tive resposta. Entendi que ela não queria acordo para me deixar sair legalmente do partido e então, quando estava para vencer o prazo de filiações, registrei as chapas de vereadores no Podemos. As chapas que havia preparado para o Solidariedade. Não poderia deixar os candidatos a vereador correndo o risco de não ter legenda”.

“É estranho Marília dizer que não gostou do meu posicionamento na Alepe votando, como quase toda a bancada, nas pautas do Governo importantes para o estado e dizendo não quando necessário, como foi no caso do salário dos professores, e subir, como ela pretende subir, no mesmo palanque de Raquel”, afirmou o deputado, acrescentando: “Todos sabem que Márcia é candidata de Raquel e que Marília, através de Sebastião Oliveira, comprometeu-se a levar o Solidariedade para a prefeita. Já tem até data marcada”. Ele se refere ao dia 1º de junho, quando estar programado um evento em Serra para que o Solidariedade anunciasse o apoio a Márcia Conrado. Luciano reitera que vai à convenção municipal do partido se apresentar como candidato: “vou ganhar a eleição”.

Embora vá tentar, até o final, a possibilidade de disputar pelo Solidariedade, todo o mundo político sabe que Luciano tem um plano B. O de, não conseguindo, lançar outro nome pelo Podemos, onde estão seus candidatos a vereador. Neste caso pode indicar o filho. Resta saber se, como fez há quatro anos atrás, quando elegeu Márcia, a atual prefeita, para sucedê-lo, ela nunca tinha disputado mandato e era sua secretária de Saúde, vai agora repetir o feito.

O apoio de Marília Arraes a Márcia Conrado teria uma explicação simples: tirar Luciano do páreo. Em todas as pesquisas feitas até agora ele é o único capaz de derrotar a prefeita. Como não aceita acordo com o PSB, embora afirme que Marília nunca o procurou sobre isso, ele acabou sendo uma pedra no sapato dos socialistas. Isso explicaria o apoio de João Campos a uma candidata de Raquel no influente município do Sertão pernambucano. Márcia eleita seria de mais fácil convivência com o PSB, sem contar que é do PT, partido aliado dos socialistas. A chegada de Marília, se realmente acontecer, tem a participação do ex-deputado federal Sebastião Oliveira que foi vice dela em 2022 e que está agora com a prefeita e com João Campos. Em eventos com a candidata, Sebastião fala de João como o futuro o governador de Pernambuco, em 2026.