Pernambuco lança editais de cultura que somam R$ 73 milhões; entenda a Política Nacional Aldir Blanc

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Os editais da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), que totalizam R$ 74 milhões, foram lançados pelo Governo de Pernambuco nesta terça-feira (24). A PNAB nasceu após as experiências de rees de recursos federais aos Estados para a cultura na pandemia, com a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo. Esta nova política, contudo, não tem um caráter emergencial. A União entregará aos Estados, anualmente, parcelas de R$ 3 bilhões até 2027.

Cada Estado tem certa autonomia para criação das iniciativas. Pernambuco optou por premiações, fomentos e bolsas, dividas entre sete editais.

Os editais

Os editais já estão disponíveis para consulta, além do Mapa Cultural, no www.cultura.pe.gov.br

São eles:

  • Premiação (“Salvaguarda das Culturas Populares”, “Técnicos e Técnicas da Culturas e das Artes”, “Expressão Cultural do Hip-Hop”, “Quadrilha Junina”);
  • Bolsas (“Artísticas e Brincadeiras Culturais”);
  • Fomento de Iniciativas Artísticas-Culturais (“Multilinguagens”, “Economia Criativa”, “Festivais, Mostras e Celebrações”, “Museus e Memória Social”, “Formação e Pesquisa Cultural”, “Cultura, Diversidade e Expressões Periféricas”);
  • Premiação de Mulheres Negras;
  • Premiação dos Povos e Comunidades Tradicionais;
  • Cultura Viva (Pontos de Cultura);
  • Cultura Viva (Pontões de Cultura).

As submissões poderão ser feitas, exclusivamente, na plataforma do Mapa Cultural de Pernambuco, entre os dias 27 de setembro a 7 de outubro, através do link www.mapacultural.pe.gov.br/oportunidades

O resultado final dos habilitados será divulgado no dia 29 de novembro, exceto os dois editais de Cultura Viva, que terão resultados finais publicados no dia 17 de dezembro. Vale lembrar que a execução por parte do Governo deve ser até o final do ano.

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Governadora Raquel Lyra nomeou nesta quinta-feira 141 profissionais de saúde que vão atuar em todo o Estado

Da Assessoria

A governadora Raquel Lyra nomeou, nesta quinta-feira (19), 141 profissionais de saúde, de várias especialidades, que vão atuar em dez Gerências Regionais de Saúde (Geres). O reforço vai ampliar a capacidade de atendimento na rede pública de saúde do Estado, melhorando os serviços oferecidos à população pernambucana. A nomeação foi publicada no Diário Oficial.

“Os novos profissionais de saúde vão trabalhar com a gente, no Governo de Pernambuco. São médicos, analistas e assistentes de saúde, que vão atuar em diversas gerências regionais, nos ajudando a fazer de Pernambuco um estado que, cada vez mais, cuida da sua gente”, afirmou a governadora Raquel Lyra.

A I Geres, que contempla 20 municípios, com 15 unidades hospitalares e 13 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), receberá a maior parte dos profissionais – 97 ao total. Os outros serão distribuídos na II Geres (6), III Geres (2), IV Geres (7), V Geres (3), VI geres (2), VII Geres (8), X Geres (3), XI Geres (6) e XII Geres (7).

Enfermeiros

Ainda como parte da estratégia de reforçar o atendimento nas unidades públicas de saúde de Pernambuco, foram autorizadas a convocação de 997 enfermeiros, aprovados em Seleção Pública Simplificada, dos quais 559 já foram convocados para compor as escalas de plantão dos hospitais localizados no Recife, Região Metropolitana e Interior.

Os mais de mil novos profissionais atuarão nos hospitais Agamenon Magalhães (HAM), Barão de Lucena (HBL), Getúlio Vargas (HGV), Otávio de Freitas (HOF), Ulysses Pernambucano (HUP), Correia Picanço (H), Geral de Areias (HGA), no Recife, além do Jaboatão Prazeres (HPJ), Geral da Mirueira (HGM), em Paulista. No interior de Pernambuco, os enfermeiros atuarão nos hospitais José Fernandes Salsa (Limoeiro), Regional do Agreste (Caruaru), Dom Moura (Garanhuns), Inácio de Sá (Salgueiro) e Belarmino Correia (Goiana).

UM TOQUE DE SAUDADE

Por Naldinho Rodrigues*

A música “Medo da Chuva”, composta por Raul Seixas e Paulo Coelho, é uma das obras mais emblemáticas do repertório do cantor baiano, conhecido por sua capacidade de mesclar rock, baião e outros ritmos, além de suas letras filosóficas e contestadoras.

A canção, lançada em 1974, reflete sobre a liberdade individual e a quebra de convenções sociais, temas recorrentes na obra de Raul Seixas, que frequentemente desafiava o status com seu estilo de vida e suas composições. No contexto da letra, o eu lírico expressa um sentimento de libertação de uma relação opressiva, onde ele se sentia como um “escravo” ou “marido” incapaz de partir. A metáfora das “pedras imóveis na praia” ilustra a estagnação e a falta de experiências vividas, enquanto a chuva simboliza a renovação e o aprendizado que vem com as experiências da vida.

A chuva, que antes era um medo, agora é vista como uma fonte de sabedoria e vida, trazendo “coisas do ar” para a terra. A crítica social também está presente na música, questionando a aceitação iva das “mentiras” impostas por figuras de autoridade, como o “padre” mencionado na letra. Raul Seixas desafia a noção de que o amor deve ser único e eterno, propondo que a felicidade pode não estar em “ter amado uma vez”, mas talvez em se permitir viver plenamente, sem medos ou amarras. “Medo da Chuva” é um convite à reflexão sobre a vida, o amor e a liberdade, e permanece como um hino atemporal para aqueles que buscam viver de acordo com seus próprios termos.

Um dos artistas mais icônicos e autênticos da história da música brasileira, que misturava ocultismo e rebeldia, o “Maluco Beleza” Raul Seixas compôs em 1974, uma de suas músicas mais regravadas chamada “Medo da Chuva”. Há quem diga que “medo da chuva” fala sobre o casamento de Raul, que havia sido desfeito pouco tempo antes. Na música, Raul assume o papel de marido descontente com o casamento e dá voz ao personagem. Seus versos falam que ele estava se libertando do casamento e pronto para uma vida nova, sem medo de chuva, sem medo do futuro.

A capacidade de Raul Seixas para compor letras multifacetadas era irável. É mais do que merecida a fama de gênio que o pai do rock carrega até hoje, com um legado marcado por grandes composições. Raul era um homem intenso, gostava de compreender melhor o mundo e as suas infinitas possibilidades. Era um buscador incansável e foi um homem de muitos amores. Teve cinco casamentos e todas essas experiências afetivas, de uma forma ou de outra, inspiraram suas composições.

É o que ocorre na belíssima canção “Medo da Chuva”, na qual, Raul fala sobre o casamento através de um ponto de vista mais crítico. Ao que tudo indica, ele escreveu quando estava se separando da sua primeira esposa, Edith Wisner, com quem se casou em 1967. Quando foi para o exílio nos Estados Unidos, conheceu Gloria Vaquer e há indícios de que ele tenha começado uma nova relação sem terminar a anterior. Eles ficaram juntos por três anos, de 75 a 78.

No período entre um amor e outro, a letra “Medo da Chuva” foi composta e oferecida ao cantor Odair José, que não pôde gravar naquele ano, pois seu novo trabalho, seu disco, já estava pronto. Quem compreendeu um pouco do universo de Raul Seixas, sabe o quanto ele era um defensor da vida livre. E foi justamente o que ele quis dizer quando escreveu: “MEDO DA CHUVA”…

*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã, e escreve semanalmente crônicas musicais para o Blog PE Notícias.

Vem ai o 3º Encontro do Conselho Cristino Pimentel Borborema Cangaço da Juventude, em Cabaceiras (PB)

Este cordel é parte de um convite aos confrades e confreiras que possam se fazer presentes ao 3º Encontro do Conselho Cristino Pimentel Borborema Cangaço Da Juventude. O evento acontecerá nos dias 28 e 29 de setembro na cidade de Cabeceiras, no Sertão da Paraíba.

“ROLIÚDE” tá em festa

Bote o tapete vermelho

Tá chegando o “BORBOREMA”

Junto com ele, o “CONSELHO”

Levando conhecimento

Para servir de espelho.

Não vamos com destrambelho

Que esta terra é sagrada

A Mãe Conceição nela está

Em meio a fé, consagrada

Protegendo a todo o povo

Desta terra iluminada.

   –

A cidade foi fundada

Por Domingos e Isabel

Portugal e o Cariri

Numa união tão fiel

Abençoada e benzida

Contrariando a Babel.

Cabaceiras tem papel

E status especial

Terra da sétima arte

Pra o cinema, essencial

Por sua localização

Tem um valor crucial.

Veja a seguir programação:

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Projeto do Governo de Pernambuco para o verão terá ações com música

Porto de Galinhas é o quarto destino mais buscados para o segundo semestre de 2024, segundo pesquisa de site de viagens Decolar.

O Governo de Pernambuco, através da Empresa de Turismo de Pernambuco – Empetur, está lançando na próxima terça-feira (19), em São Paulo, a campanha “Verão Pernambuco Deixa Rolar”.

Apesar do enfoque no turismo, a campanha também promete envolver música. O formato ainda será divulgado em evento realizado no Shopping Eldorado, na capital paulista, mas a expectativa é que a Empetur viabilize atrações musicais em municípios litorâneos.

Vale lembrar que a Empetur contrata parte das atrações nos municípios de Pernambuco durante o Carnaval, por exemplo. De acordo com recente pesquisa da Secretaria de Turismo, 74% dos turistas dos indicaram que preferem assistir a shows de artistas locais ao viajar para o Estado.

UM TOQUE DE SAUDADE

Por Naldinho Rodrigues*

O músico e poeta Lúcio Barbosa, radicado em Itapecerica da Serra (SP), há décadas, faleceu no último dia 27 de agosto de 2024. Ele era natural da cidade baiana de Senhor do Bonfim. Entre outras lindas obras, uma das que mais se destacou, certamente, foi a canção “Cidadão”. Lúcio era o compositor da música que até hoje é sucesso nas vozes de Silvio Brito, Zé Geraldo e Zé Ramalho. Lúcio Barbosa foi morador do alto da maravilha.

Tornou-se conhecido na música popular brasileira como autor e compositor. Seu grande êxito aconteceu em 1979, quando sua música “Cidadão” foi gravada pelo cantor e compositor Zé Geraldo. Essa composição conheceu diversas regravações, inclusive, na voz do rei do baião Luiz Gonzaga. Lúcio Barbosa compôs “Cidadão” como homenagem a um tio que era pedreiro. A letra traz à análise, o preconceito e a discriminação por que am os nordestinos nas grandes cidades do país, em especial os que se dedicam à mão de obra da construção civil. Na letra, Lúcio relata que as diferenças sociais não permitem um tratamento de respeito e valorização do trabalhador braçal. Os poderosos, os mais abastados, ficam indiferentes à sua sorte.

É a exploração de uma sociedade capitalista e injusta. Pouco importam as dificuldades por que am os operários para chegarem ao local de trabalho e exercerem seu ofício. Sequer percebem que a presença deles é feita num processo desgastante e penoso no uso do transporte público nas idas e vindas do trajeto casa/trabalho. No caso da letra da música, esse trabalhador apanha quatro conduções por dia, duas para vir e duas pra voltar para casa. E segue a letra: concluída a obra, o operário contempla maravilhado o edifício que ajudou a ser erguido. Sente uma ponta de orgulho do seu trabalho. Mas eis que se surpreende com a interpelação de um cidadão, questionando porque ele estava ali, parado, observando, o prédio recém-inaugurado.

Suspeita, por sua condição social de inferioridade, que sua intenção é de roubar. Essa postura, muito recorrente no nosso cotidiano, revela bem a forma como os pobres, e nesse particular os nordestinos de baixa renda, só tratados, menosprezados e humilhados. Aquele estabelecimento de ensino foi construído para os ricos. Interessante que o personagem, por si mesmo, já se exclui da condição de cidadania.

“Cidadão” é aquele que tem poderes para alijá-lo da sua convivência social. “Cidadão” é aquele que determina sua vida sem a oferta do que lhe é de direito: moradia digna, educação e saúde. Ele não se enxerga como “cidadão”. As esperanças de que ali poderia ter um melhor padrão de vida para si e a família caem por terra. A igreja surge como refúgio derradeiro do seu padecimento. Um local onde o seu trabalho na construção fez valer verdadeiramente o seu esforço. Ali não há proibição da sua entrada.

Ali ele se integra aos acontecimentos religiosos e festivos: novenas e quermesse. Ali ele coloca nas mãos de deus suas esperanças de que o sofrimento seja amenizado. Apoia-se no exemplo de cristo, que se diz, como filho de deus , construtor de tudo o que há na terra, oferecendo ao homem todas as condições de bem viver dela, de forma igualitária, sem diferenças, sem privilégios para uns e privações para outros. Fechando a dramática realidade da composição, Lúcio Barbosa fala que a humanidade deu as costas até a quem deve a sua própria existência.

Nas casas falta solidariedade cristã em boa parte delas. O espírito de fraternidade que deve prevalecer entre os homens inexiste em muitos lares. Descanse em paz, Lúcio Barbosa o eterno “Cidadão”. 

*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã, e escreve crônicas culturais semanalmente para o Blog PE Notícias.

UM TOQUE DE SAUDADE

Por Naldinho Rodrigues*

Quem nasceu antes de 1980, certamente já ouviu falar e até curtiu a banda Kid Abelha. Quantas festas não foram embaladas por uma música: Uh! Eu quero você como eu quero! Quem nunca cantou que atire a primeira pedra. Formada em 1982, a banda era conhecida até 1988 como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, liderados por Leoni e Paula Toller.

Eles se conheceram na PUC-Rio, começaram a namorar, e logo Paula ou a frequentar os ensaios da banda de Leoni. Apesar da timidez, aos poucos ela começou a cantar. O primeiro disco, Seu Espião, veio em 1984 e, para surpresa de todos, foi “Como eu Quero”, uma das canções do disco, que impulsionou o Kid Abelha para a fama estrondosa. Muita gente canta e cantou por muitas décadas achando que era uma linda canção de amor, mas não é bem assim. A canção é cheia de ambiguidades e acaba causando dúvidas mesmo. “Como eu Quero” foi escrita por Paula Toller e por Leoni e lançada em 1984 sem grandes pretensões.

Contudo, a canção estourou em todo o Brasil e projetou o Kid Abelha para todas as paradas nacionais. O que muitos não sabem é que a letra foi baseada em uma história real, inspirada na namorada de um dos integrantes do Kid Abelha, Carlos Beni Borja, na época baterista da banda. O próprio Beni comentou que a música era uma forma de expressar a preocupação dos amigos Paula e Leoni, que notaram que Beni estava sendo manipulado pela namorada. Ele afirma, inclusive, que ela fez pressão para que ele saísse da banda.

E daí podemos compreender o real significado da canção “Como eu Quero”, que conta, na realidade, sobre uma relação um tanto manipuladora, já que a mulher idealiza uma mudança na personalidade e no jeito de ser do namorado. Na primeira parte da canção, observamos a fala de uma mulher se posicionando a respeito de como o seu companheiro age. No verso diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério. Podemos pensar que a canção irá falar sobre um personagem masculino abusivo e que não dá voz à sua companheira, mas é exatamente o contrário disso. Muita gente pensa que a canção sugere algo sexual por conta do tira essa bermuda. Mas a verdade é que a personagem feminina está exigindo que o namorado deixe de usar bermuda, pois ela acredita que ele nunca poderá ser levado a sério como esse tipo de traje.

E, a partir daí, observamos a tirania em tentar impor o modo como ela acha que o cara deve levar a sua vida. Ela quer mais! Deseja que o namorado se transforme em um homem tradicional no refrão seguinte, todo mundo acreditou um dia ser uma linda declaração de amor. Mas, colocando em outras palavras, é como se ela dissesse: eu quero você do jeito que eu quero e não do modo como você está agora. Não é algo bonito, é algo totalmente impositivo e tirano. A forma de abuso sobre o cara continua de forma descarada, sugerindo que ele precisa de um retoque total. E que ela irá transformar o rascunho (ou seja, algo mal acabado e mal feito) em coisa melhor, uma obra de arte. Ela simplesmente o não apoia e muito menos vê o real valor daquele cara.

Ela é tão ousada que reconhece que ele está, de fato, numa cilada! É cada um por si, mas ele é por ela. Ou seja, ela é quem dita as regras e ai dele se não obedecer. Paula tinha algumas frases soltas e as dividia com Leoni em eios de carro e logo em seguida anotava para não esquecer. Aos poucos, eles foram aprimorando e a canção nasceu em casa, com voz e violão. “Como eu Quero” foi uma verdadeira consagração na carreira do Kid Abelha, que começou a fazer um show atrás do outro e tocava sem parar nas rádios do Brasil inteiro após esse lançamento.

A música “Como eu Quero” um dos maiores sucessos da época chamada de a década de ouro da música brasileira, dividindo a preferência com a saudosa “jovem guarda” que teve seu surgimento há 52 anos atrás. Mas aí, é outra história a ser contada brevemente…

*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos das 5 às 8 da manhã e colabora semanalmente com crônicas musicais para o Blog PE Notícias.

35 – LÍDERES QUE ME INSPIRAM – ARIANO SUASSUNA

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Falaremos nesta data sobre o mestre Ariano Suassuna.

Papa – Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves atual cidade de João Pessoa. Muito pequeno sentiu na família os impactos negativos que a política pode trazer. Seu pai João Suassuna foi tragado pela Revolução de 1930 e o menino que nasceu em berço de ouro ou a residir em Taperoá, Sertão da Paraíba nos turbulentos tempos de Getúlio Vargas. Nos anos 1940 o Recife ou a ser sua casa.

Encontramos em fontes vinculadas à biografia do Ariano as seguintes profissões: Escritor, dramaturgo, romancista, artista plástico, professor, poeta e advogado. Sobre as duas últimas ele mesmo em diversas palestras apontava seus limites. Como poeta reza a lenda um diálogo que teve com o poeta pernambucano Dimas Batista acerca do tempo que levou para concluir um soneto e como advogado mencionou em várias oportunidades que não levava jeito.

Estes registros não reduzem em nada a contribuição que Ariano Suassuna deu para cultura brasileira. Eu entendo que nada é mais ligado à cultura raiz do que a autenticidade e isto o dramaturgo paraibano tinha para dar, vender e emprestar. Em vários locais onde prestei serviços, nos contatos com pessoas ligadas à cultura, sempre ouvi o nome de Ariano Suassuna como destaque. Alguém poderia não aceitar algumas das suas ponderações, mas nunca as descartaria por inteiro.

Desde 1947 quando escreveu seu primeiro texto até data que nos deixou, Ariano Suassuna produziu uma invejável obra. O “Alto da Compadecida” e “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, são as obras mais famosas. Ariano trilhou por um caminho que não fosse o ranço preconceituoso da premiação teria um Prêmio Nobel de Literatura. As diversas premiações que recebeu valorizam seu legado. Em conjunto com Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Adonias Filho, Affonso Arinos, Roberto Burle Marx e outros foi fundador e defensor do Conselho Federal de Cultura. Ocupou cadeiras nas Academias Pernambucana, Paraibana e Brasileira de Letras. Assistiu o sucesso dos seus textos no teatro, na TV e nos cinemas.

O que busco aprender com o intelectual nordestino Ariano Suassuna: “Autenticidade, zelo e defesa da cultura raiz, negação às culturas impostas pela mídia venal e com interesse somente no lucro, versatilidade, poder de comunicação…”. Em nome dos artistas anônimos do nordeste, obrigado mestre Ariano.

UM TOQUE DE SAUDADE

Por Naldinho Rodrigues*

A nossa música brasileira continua perdendo talentos, em especial a extinta e saudosa “jovem guarda”. Na última quarta-feira, dia 21 de agosto, calou-se mais uma voz suave, romântica e irada pela maioria dos brasileiros, a voz da cantora Diana. Ana Maria Siqueira Lório começou a sua carreira em 1969. Gravou quatro compactos simples (disco vinil simples) até 1972, quando obteve seu primeiro grande sucesso comercial com o lançamento da música “Ainda Queima a Esperança”, que figurou em sétimo lugar entre as 50 mais daquele ano.

A partir dali, foi emplacando mais sucessos, entre os quais, “Uma Vez Mais”, “Fatalidade”, “Estou Completamente Apaixonada” e “Porque Brigamos”, este último, o maior sucesso de sua carreira. Diana ganhou de seu público e da mídia os apelidos de “a voz que emociona” e “a cantora apaixonada do Brasil”, devido ao conteúdo apaixonado e melancólico de suas canções. Depois da grande popularidade vivenciada na década de 1970, a carreira musical da cantora entrou em declínio posteriormente, mas ainda assim seguiu na ativa, fazendo shows pelo interior do Brasil.

Cantora e compositora carioca de temperamento quente, Diana foi uma das vozes mais populares da canção sentimental brasileira da década de 1970. Falamos da canção romântica pós-jovem guarda, habitualmente rotulada de cafona pelas elites culturais, mas amada pelo povo que tornou o álbum “Diana”, lançado pela artista em 1972, um dos blockbusters daquele ano no mercado fonográfico nacional por conta de sucessos como “Ainda Queima a Esperança”, composição de Raul Seixas e Mauro Motta. Em 1974, Diana trocou de gravadora, gravou três discos entre 1974 e 1976, não teve êxito.

Em 1978, gravou seu último LP dos anos 1970, também sem grande aceitação. Na década de 1980, em plena decadência, Diana gravou alguns trabalhos, além de participar de um tributo ao cantor Evaldo Braga no disco “Eu Ainda Amo Vocês”, onde cantou um dueto com Evaldo a canção “Só quero”. Embora sua carreira artística tenha entrado em declínio durante essa época, Diana prosseguiu com shows, especialmente por cidades pequenas e médias do brasil.

Em 1995, chegou a gravar um CD com músicas inéditas, mas como a carreira de Diana já não era mais a mesma, o CD foi pouco comercializado. Diana nasceu no bairro de Botafogo, filha de Regina Siqueira e Oswaldo Lório, foi no bairro do Leblon, também no Rio de Janeiro, que Diana cresceu. Foi casada com o cantor e compositor Odair José, o qual conheceu no final da década de 1960, quando os dois iniciavam a carreira artística.

O casamento oficial foi em 1973, mas durou pouco e se encerrou de maneira conturbada, ocupando as páginas de jornais entre 1975 e 1976 devido a violentas brigas. Em 1976, nasceu a filha do casal, Clarice. A união de Odair José e Diana terminou definitivamente em 1981. (Odair declarou que eles foram o quarto casal a obter o divórcio no Brasil). Diana também teve um relacionamento com o cantor Baltazar.

A cantora veio a falecer nas primeiras horas do dia 21 de agosto de 2024. Ela foi encontrada inconsciente pelo filho e encaminhada de Araruama, aonde vivia, no interior do Rio de Janeiro, até a UPA do município vizinho de Iguaba Grande, mas já sem vida. A suspeita é que ela sofrido um ataque cardíaco. Morre Diana, voz referencial da canção sentimental brasileira dos anos 1970. Diana que deixa para os amantes da boa música, canções verdadeiramente inesquecíveis, como: UMA  VEZ MAIS…

*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã e escreve semanalmente crônicas musicais para o Blog PE Notícias.

Chamada pública para artistas do Projeto PEBA está aberta até 31 de agosto

Da Assessoria

No próximo mês de novembro, o projeto PEBA – idealizado pelo casal de artistas pernambucanos, o fotógrafo Sérgio Figueirêdo, e a arte educadora e pedagoga, Williany Amaral – irá intensificar os laços culturais, artísticos e existenciais entre Pernambuco e Bahia. Além da exposição fotográfica coletiva entre artistas dos dois estados com foco nas heranças africanas, o projeto deste ano terá a grade ampliada para outras linguagens como audiovisual, música, teatro e dança e trará ao Recife uma programação rica e diversificada. Serão 30 dias de exposição, shows, aulas-espetáculo, cinema, debates, oficinas de dança, cultura popular, produção cultural e de histórias em quadrinhos.

E para que as atividades do PEBA aconteçam, a organização abriu uma chamada pública até o próximo sábado (31) para os artistas interessados em compor a programação e o quadro técnico da edição deste ano. Para mais informações sobre o regulamento e critérios, e o link da chamada https://forms.gle/wHHUqwPPf3PewuJs5. A estimativa dos organizadores do evento, é que mais de 4 mil pessoas participem das atividades programadas com a contribuição de mais de 160 profissionais entre artistas, produtores, técnicos, curadores e oficineiros, além da geração de mais de 600 empregos indiretos.

Em sua segunda edição esse ano, o Projeto é uma realização do Ministério da Cultura Federal com a produção da Associação dos Produtores de Artes Cênicas e Música de Pernambuco (Apacepe). O PEBA tem como principal objetivo promover um debate profundo sobre a resistência e a vitalidade da cultura brasileira em Pernambuco e na Bahia, utilizando a arte como um poderoso meio de expressão e fortalecimento dessas raízes. É um evento gratuito e transformador de grande relevância para a sociedade, pois contribui para a resistência e visibilidade de todos os fazedores de arte.

Foi a partir da expedição realizada pelo casal de artistas no Quilombo das Águas Claras, em Triunfo, na região quilombola, que foi identificada a necessidade da inclusão digital dos moradores da localidade. “Uma das vertentes do PEBA é contribuir para o desenvolvimento e empoderamento das comunidades afrodescendentes. No caso de Águas Claras, alguns representantes da comunidade já haviam participado de um curso de elaboração de projetos promovido pela Fundarpe e precisavam de um apoio para escrever e viabilizar a inclusão dos  projetos culturais nos editais de fomento”, enfatiza Figueiredo.

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Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco celebra formação e conexões

Entre os dias 3 e 7 de setembro, o Teatro do Parque e o Cinema da Fundação (Museu) serão movimentados por trocas, exibições e aprendizados que acabam de completar 10 anos. Chegando à sua 6ª edição (devido às pausas do período pandêmico), o Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco (MOV), já anunciou sua programação completa de atividades que valorizam a produção jovem de diferentes regiões do Brasil e do mundo, contando com sessões especiais de obras produzidas na Escuela Internacional de Cine y Televisión de Cuba (EICTV) e filmes de egressos das universidade pernambucanas.

Marcando ainda o retorno do MOV Acampa, projeto que permite universitários de todo o país se hospedarem no Recife gratuitamente para participar do festival, esta edição é mais um capítulo do que começou como uma demonstração da força da produção audiovisual da juventude. Vini Gouveia, criador e diretor artístico da iniciativa, ou a desenvolver a ideia a partir de um intercâmbio na França. Notando a escassez de uma janela de exibição e divulgação para filmes produzidos por universitários, o também cineasta começou a pensar na melhor maneira de fazer esses estudantes participarem da cena cinematográfica, conhecerem novas pessoas e dialogarem com outras formas de linguagem.

Em 2014, então, nasceu o MOV, nome que faz referência tanto a ‘movimento’ quanto à palavra em inglês ‘movie’ (filme) e, junto com ele, as oficinas de formação. Este ano, o festival terá o MOV LAB, que vai oferecer consultoria gratuita em roteiro, produção e pitching de projetos para curtas-metragens. No total, oito projetos serão selecionados para terem reuniões particulares com os mentores Léo Falcão (roteiro), Tarsila Tavares (produção) e Mannu Costa (pitching).

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34 – LÍDERES QUE ME INSPIRAM – VINÍCIUS DE MORAES

Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)

Ade Maleu Lapa-el – Falaremos hoje do Poetinha Vinícius.

Papa – Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, Vinícius de Moraes ou simplesmente o Poetinha, nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913. Poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor. Da soma destas habilidades nasce, gera-se e cria-se um dos maiores boêmios do nosso país. A poesia, o cigarro, as mulheres e o uísque foram figuras presentes em sua vida.

Tem uma máxima sobre fotos que diz: “Não precisa de legenda”, mas Vinícius inverteu essa regra. Em quase tudo que escreveu não é necessário imagem. A mensagem diz tudo e ainda sobra muita coisa. As letras de “Tarde em Itapuã” e “Garota de Ipanema” são exemplos desta minha afirmativa. Um livro de mil páginas seria insuficiente para detalharmos tudo. Citar seus poemas, crônicas e livros nem em sonho.

Foi um brasileiro que pela arte da poesias e da música deu mais nome ao seu país do que como agente público nas diversas embaixadas onde atuou. Los Angeles, Paris e Roma foram alguns do locais em “bateu ponto” como membro do corpo diplomático brasileiro. Sobre uma coisa não há dúvida: “Ele colocou leveza onde esteve”.

Entre seus parceiros podemos destacar Tom Jobim, Toquinho, Chico Buarque…tem uma letra musicada por Adoniran Barbosa. A inusitada composição tem como título “Bom dia, tristeza” e reza a lenda que foi feita a pedido da amiga Aracy de Almeira. Eis a letra: “Bom dia, tristeza/Que tarde, tristeza/Você veio hoje me ver/Já estava ficando até meio triste/De estar tanto tempo longe de você – Se chegue, tristeza/Se sente comigo/Aqui nesta mesa de bar/Beba do meu copo/Me dê o seu ombro/Que é para eu chorar/Chorar de tristeza/Tristeza de amar”.

As frases a seguir, algumas parte de poemas dizem muito do boêmio Vinícius: “Nada renasce antes que se acabe. E o sol que desponta tem que anoitecer”. – “A hora do sim é um descuido do não”. – “É melhor viver do que ser feliz”. – “Todo grande amor só é bem grande se for triste!”. – “Misturo poesia com cachaça e acabo discutindo futebol…”.

O que busco aprender com o Poetinha: “Sensibilidade, capacidade do colocar leveza em tudo, adaptabilidade, boemia em sua essência, transformação de uma imagem simples em um poema universal, amar sem medo, viver feliz…”. As asperezas do mundo são podadas por mão como as de Vinícius POETA de Moraes. Saravá Poetinha.

UM TOQUE DE SAUDADE

Por Naldinho Rodrigues*

Você sabia que “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos” é uma das canções de maior sucesso do Rei Roberto Carlos? Disfarçada de canção de amor, a música foi feita na verdade para homenagear Caetano Veloso, que estava exilado em Londres durante a ditadura militar.

Ainda que os artistas fizessem parte de movimentos musicais diferentes, Caetano, “da provocativa tropicália e Roberto da romântica jovem guarda”, eles mantiveram uma amizade (e ainda mantém) de muitas décadas, o que rendeu a gravação de grandes canções. Assim, ao visitar o amigo exilado em Londres no final dos anos 60, Roberto Carlos se sensibilizou com a situação do amigo e escreveu a letra da música, que fez referência aos cabelos de Caetano. Em dezembro de 1968, durante os chamados anos de chumbo da ditadura militar, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos.

Caetano contou que foi levado por oficiais do Exército, sem ser informado do motivo. Durante o interrogatório, ele descobriu que havia sido denunciado por um apresentador de Tv, que falou que o músico havia desrespeitado o Hino Nacional em um show. O apresentador também criticou a tropicália, as roupas e os cabelos de Caetano. Embora o fato tenha sido uma mentira, isso não impediu que os militares confinassem Caetano durante dois meses, até que conseguisse provar sua inocência. Ele foi solto em fevereiro de 1969 e, em junho do mesmo ano, partiu para o exílio em Londres.

Caetano Veloso nunca escondeu de ninguém que não gostava de viver em Londres. Ele sentia saudades do Brasil, dos seus amigos e familiares e da Bahia, sua terra natal. Um dia, Roberto Carlos e sua esposa Nice foram visitá-lo na Europa. Durante sua estadia, Roberto Carlos tocou a música “As curvas da estrada de Santos”, o que levou Caetano às lágrimas. Sensibilizado com a cena, Roberto retornou ao Brasil e compôs “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos” em parceria com Erasmo Carlos. A música foi lançada em 1971. No álbum Roberto Carlos.

Os compositores procuraram, ao mesmo tempo, homenagear e consolar Caetano, imaginando como seria o retorno do músico ao Brasil. Eles falam sobre o momento em que o amigo finalmente poderá se banhar de novo nas praias da Bahia e a emoção que sentirá ao perceber que ele não foi esquecido e que todos aguardam pelo retorno. A letra ainda fala das histórias de um mundo tão distante, ou seja, sua terra natal, que o cantor baiano guarda em si, por baixo das madeixas, e a tristeza pela saudade de casa.

Assim, a música aborda o sentimento ambíguo gerado por uma migração forçada. Vale mencionar que o público em geral não sabia que essa música havia sido feita para um artista exilado, e pensava se tratar de uma canção de amor. Dessa forma, Roberto Carlos conseguiu ar sem problemas pela censura e chegar ao grande público, uma vez que temas políticos não faziam parte do seu repertório e a letra não levantou suspeitas. Em retribuição, Caetano compôs “Como Dois e Dois” para Roberto, que gravou a música no mesmo álbum de 1971. Até numa composição, o Rei Roberto Carlos conseguia e ainda consegue envolver seu grande público com grande respeito…e Caetano, o que dizer com a música: “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos?…

*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã, e colabora semanalmente com crônicas musicais para o Blog PE Notícias.

UM TOQUE DE SAUDADE

Por Naldinho Rodrigues*

É praticamente impossível ser brasileiro e não conhecer ou ouvir falar em Luiz Gonzaga. O sanfoneiro, cantor e compositor começou tocando nos bares do Rio de Janeiro em busca de trocados e acabou escrevendo uma das músicas brasileiras de maior sucesso “Asa Branca”.

Luiz Lua Gonzaga nasceu em Exu, Sertão de Pernambuco em 1912, mas só aos 27 anos de idade começou a trabalhar como músico. De início, o artista tocava pelos bares e tentava a sorte em programas de calouros, onde não conseguia mais do que nota 3. Na época, o repertório era composto por todo tipo de ritmo, de tangos a foxtrot, até que em 1940, um grupo de estudantes cearenses que estava no Rio de Janeiro o aconselhou a tocar as músicas dos sanfoneiros do Sertão nordestino. Foi aí que o sucesso de Gonzaga na música engatou de fato.

A cultura nordestina é extremamente rica e, musicalmente falando, essa riqueza fica bastante visível quando observamos artistas como Luiz Gonzaga. O cantor fez sucesso por todo o Brasil e popularizou a música nordestina no país. Baião se trata de um gênero de música e dança popular do Nordeste que utiliza principalmente viola caipira, triângulo, flauta doce e acordeão. E foi por popularizar esse ritmo que Luiz Gonzaga ficou conhecido como o “Rei do Baião”.

O hino sertanejo “Asa Branca” foi escrita em 3 de março de 1947 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A música tem uma letra incrível e um significado interessante, então não é à toa que logo estourou no Brasil. O nome “Asa Branca” vem de uma ave que possuiu natureza migratória e consegue voar a longas distâncias e altitudes. Asa Branca fala com muita sutileza de um problema muito sério: A Seca do Sertão. A forma como descreve as paisagens, a sazonalidade e os animais rendeu a Luiz Gonzaga o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

A canção está relacionada à época de seca, e reforça a da tonalidade da região. Luiz Gonzaga era um profundo observador da natureza e do clima do Sertão, e por isso foi indicado para receber o título. Para Carlinhos Brown, a antológica canção do Rei Baião exprime a força da cultura nordestina, potencializa essa força e toda a brasilidade. Certas canções são mais do que mero versos e melodias. São como um monumento que serve de referência para as gerações, um hino que atravessa décadas e sintetiza a história de um povo, como um patrimônio imaterial de uma nação.

Se há uma obra do cancioneiro brasileiro que merece tais predicados, esta canção e “asa branca”, clássico de maior grandeza de nossa música popular e mais importante canção nordestina de todos os tempos. Antes de se tornar a terceira música brasileira mais gravada de todos os tempos, atrás apenas de “Garota de Ipanema” e “Aquarela Brasileira”, Asa Branca enfrentou desconfiança até dos músicos que participaram da primeira gravação da faixa.

Um dos integrantes do Grupo Regional do Canhoto, que acompanhava Gonzaga, considerava a música lamurienta demais e dizia que ela foi feita para se tocar enquanto se pede esmolas. A desconfiança era tamanha que a faixa foi lançada apenas como lado B do Compacto que promovia “Vou pra Roça”, hoje uma obra de menor expressão no catálogo do Rei do Baião. A letra de Humberto Teixeira narra a realidade dos retirantes que levavam consigo saudade e tristeza em seus êxodos para outras cidades, mas que também carregavam a esperança de que um dia voltariam para a terra que tanto amam.

“Hoje longe muitas léguas/numa triste solidão/espero a chuva cair de novo/pra mim vortar pro meu Sertão”. Diz a canção ASA BRANCA. (Uma homenagem aos 35 anos da morte do Rei do Baião Luiz Gonzaga).

*Naldinho Rodrigues é locutor de Rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã; e escreve semanalmente suas crônicas culturais para o Blog PE Notícias.

Museu do Estado de Pernambuco traz exposição sobre expulsão dos holandeses

O Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) apresenta nesta terça-feira (06) uma exposição histórica sobre o domínio holandês na região Nordeste entre os anos de 1630 e 1954. O evento reacende o debate sobre os holandeses terem sido expulsos ou se houve uma redenção à Coroa Portuguesa.

O público poderá entender essas nuances na exposição intitulada de: “1654- 370 Anos da Rendição dos Holandeses em Pernambuco: Reflexões Históricas e Contemporâneas”. Ela vai além do contexto histórico amplamente estudado por grandes escritores como Antônio Gonçalves de Mello, Evaldo Cabral de Mello, Leonardo Dantas e Bruno Miranda, trazendo à tona uma nova discussão sobre visões que ainda mexem com o imaginário de muitos pernambucanos.

Esta exposição, apoiada pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com patrocínio do Santander, é realizada pelo Museu do Estado de Pernambuco e Sociedade dos Amigos do Museu do Estado de Pernambuco (Sampe). A expo-1654 mostrará dúvidas, reflexões históricas e contemporâneas, explorando importantes fatos do período da ocupação holandesa no século XVII, como foi abordado o tricentenário da rendição em 1954, e questionamentos como e por que tais mitos ainda podem desaparecer do imaginário pernambucano.

Relação de Portugal e Holanda

Historicamente, os 24 anos de ocupação holandesa em Pernambuco são divididos em três fases: a Chegada (1630-35), o Período Nassoviano (1637-44) e a Restauração (1645-54). Dentre esses períodos, os sete anos de governo do Conde Maurício de Nassau foram assinalados pelo processo de modernização urbana e pelos investimentos em produções científicas realizados pela sua comitiva

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