
Por Naldinho Rodrigues*
A nossa música brasileira continua perdendo talentos, em especial a extinta e saudosa “jovem guarda”. Na última quarta-feira, dia 21 de agosto, calou-se mais uma voz suave, romântica e irada pela maioria dos brasileiros, a voz da cantora Diana. Ana Maria Siqueira Lório começou a sua carreira em 1969. Gravou quatro compactos simples (disco vinil simples) até 1972, quando obteve seu primeiro grande sucesso comercial com o lançamento da música “Ainda Queima a Esperança”, que figurou em sétimo lugar entre as 50 mais daquele ano.
A partir dali, foi emplacando mais sucessos, entre os quais, “Uma Vez Mais”, “Fatalidade”, “Estou Completamente Apaixonada” e “Porque Brigamos”, este último, o maior sucesso de sua carreira. Diana ganhou de seu público e da mídia os apelidos de “a voz que emociona” e “a cantora apaixonada do Brasil”, devido ao conteúdo apaixonado e melancólico de suas canções. Depois da grande popularidade vivenciada na década de 1970, a carreira musical da cantora entrou em declínio posteriormente, mas ainda assim seguiu na ativa, fazendo shows pelo interior do Brasil.
Cantora e compositora carioca de temperamento quente, Diana foi uma das vozes mais populares da canção sentimental brasileira da década de 1970. Falamos da canção romântica pós-jovem guarda, habitualmente rotulada de cafona pelas elites culturais, mas amada pelo povo que tornou o álbum “Diana”, lançado pela artista em 1972, um dos blockbusters daquele ano no mercado fonográfico nacional por conta de sucessos como “Ainda Queima a Esperança”, composição de Raul Seixas e Mauro Motta. Em 1974, Diana trocou de gravadora, gravou três discos entre 1974 e 1976, não teve êxito.
Em 1978, gravou seu último LP dos anos 1970, também sem grande aceitação. Na década de 1980, em plena decadência, Diana gravou alguns trabalhos, além de participar de um tributo ao cantor Evaldo Braga no disco “Eu Ainda Amo Vocês”, onde cantou um dueto com Evaldo a canção “Só quero”. Embora sua carreira artística tenha entrado em declínio durante essa época, Diana prosseguiu com shows, especialmente por cidades pequenas e médias do brasil.
Em 1995, chegou a gravar um CD com músicas inéditas, mas como a carreira de Diana já não era mais a mesma, o CD foi pouco comercializado. Diana nasceu no bairro de Botafogo, filha de Regina Siqueira e Oswaldo Lório, foi no bairro do Leblon, também no Rio de Janeiro, que Diana cresceu. Foi casada com o cantor e compositor Odair José, o qual conheceu no final da década de 1960, quando os dois iniciavam a carreira artística.
O casamento oficial foi em 1973, mas durou pouco e se encerrou de maneira conturbada, ocupando as páginas de jornais entre 1975 e 1976 devido a violentas brigas. Em 1976, nasceu a filha do casal, Clarice. A união de Odair José e Diana terminou definitivamente em 1981. (Odair declarou que eles foram o quarto casal a obter o divórcio no Brasil). Diana também teve um relacionamento com o cantor Baltazar.
A cantora veio a falecer nas primeiras horas do dia 21 de agosto de 2024. Ela foi encontrada inconsciente pelo filho e encaminhada de Araruama, aonde vivia, no interior do Rio de Janeiro, até a UPA do município vizinho de Iguaba Grande, mas já sem vida. A suspeita é que ela sofrido um ataque cardíaco. Morre Diana, voz referencial da canção sentimental brasileira dos anos 1970. Diana que deixa para os amantes da boa música, canções verdadeiramente inesquecíveis, como: UMA VEZ MAIS…
*Naldinho Rodrigues é locutor de rádio. Apresenta o programa Tocando o ado, pela Rádio Afogados FM, sempre aos domingos, das 5 às 8 da manhã e escreve semanalmente crônicas musicais para o Blog PE Notícias.