Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Encerrando esta série fale-nos sobre o Xote.
Papa – Na letra de “Pau de Arara”, Guio de Moraes e Luiz Gonzaga ordenam de forma inversa “…xote, maracatu e baião…” neste espaço o fizemos na forma direta, isto é, começamos com “Baião”, transitamos por outros tipos de danças até chegarmos no “Maracatu”, depois nova caminhada chegamos ao “Xote”. Muitos estudos disponíveis apontam a origem do Xote como dança europeia e citam a Escócia e a Alemanha como seu berço. Estes detalhes hoje pouco acrescenta na certeza de que é uma das manifestações presentes em nosso cotidiano nordestino. Seu estilo permite que a sedução reine, sua coreografia estimula o cochicho e para este cronista revela muito da capacidade criativa dos nossos letristas, muitos xotes tocam nossos corações e almas.
Do seu ingresso através de colonizadores via estado do Rio Grande do Sul, onde a gaita é sua maior expressão na musicalidade. Entra no Nordeste com a sanfona e virou moda por mérito. Entre seus diversos estilos de os destacamos: o básico lateral, o básico frente e trás, abertura e troca de lugar com giro. A sanfona, o triângulo e o pandeiro são suficientes para traduzir a dança e proporcionar aos dançarinos uma festa inesquecível.
Da vitoriosa parceira de Zé Marcolino e Luiz Gonzaga, transcrevemos a letra de “Numa Casa de Reboco”: “Todo tempo quanto houver pra mim é pouco/ Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco/ Todo tempo quanto houver pra mim é pouco/ Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco – Enquanto o fole tá fungando, tá gemendo/ Vou dançando e vou dizendo meu sofrer pra ela só/ E ninguém nota que eu estou lhe conversando/ E nosso amor vai aumentando/ Pra que coisa mais mió? – Todo tempo quanto houver pra mim é pouco… – Só fico triste quando o dia amanhece/ Ai, meu Deus, se eu pudesse acabar a separação/ Pra nós viver igual a dois sanguessuga/ E nosso amor pede mais fuga do que essa que nos dão – Todo tempo quanto houver pra mim é pouco/ Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco. Todo tempo quanto houver pra mim é pouco/ Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco”.
(*) Oportuno na última crônica de 2022 desejar a todos os leitores um ano novo cheio de realizações.