Por Elena Landau/Estadão
O clima azedou com a piora nas contas públicas, e as projeções do Focus para inflação e juros refletiram isso. As expectativas servem como uma fotografia do momento. E, no momento, há uma desconfiança de mais mudanças no arcabouço fiscal pela frente. O PT gosta de dobrar a meta.
O governo começou com a PEC da Transição, uma licença para gastar. Deixaram as receitas para depois. Jogaram a bola na área esperando alguém cabecear. Não funcionou.
Não é só o mercado que anda de mau humor com Lula. Pesquisas mostram que a avaliação de seu governo não está boa, o centro liberal que lhe garantiu a vitória não está nada satisfeito e até mesmo sua base está descontente. Servidores em greve, Gleisi bombardeando política econômica nas redes, brigas na Esplanada, comunicação ruim e Haddad se equilibrando, agradando cá, desagradando acolá.
As pesquisas já não andavam muito favoráveis a Lula, e o temor é de que ele pise no acelerador do populismo para, ao menos, manter seu fiel eleitorado.
Há um mal de raiz na filosofia petista: acreditam que a política monetária é a culpada por tudo. É só baixar os juros que o milagre do crescimento se faz. Mais um elemento de incerteza em ano de troca do comando do Banco Central. A experiência ada ainda não os convenceu que, sem ajuste nas contas públicas, não há redução dos juros.
A culpa é sempre dos outros: impeachment, Lava Jato, mas jamais do Petrolão ou da irresponsabilidade fiscal. Carregam um desejo incontrolável de gastar, no que são acompanhados por um Congresso irresponsável fiscalmente.
No meio desse tiroteio, Tebet apresentou sugestões para ajustes estruturais nas contas, como a desvinculação dos gastos com Saúde e Educação e da aposentadoria ao salário mínimo. Não recebeu apoio nem do colega Haddad.
A ministra foi até tímida: deixou de fora os militares e igualdade na idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres. Uma nova rodada de reforma da Previdência é inevitável. O envelhecimento da população também traz impacto, distintos, nos gastos com Saúde e Educação, aumentando a demanda por um e diminuindo por outro. Mais uma razão para desvinculação.
E, para piorar, Lula inventa de trocar o comando da Petrobras para torrar recursos em refinarias e indústria naval, de novo. É quase uma provocação.
Uma das delícias de ser avó é aprender com neto. Num desses papos filosóficos, ele disse: “Vovó, é o futuro que decide”. Rapidamente, completou: “Mas o ado ensina”. Aos seis anos, já sabe mais do que o PT com quase 50. Pedro para CEO da Petrobras.