Por Ademar Rafael Ferreira (Papa)
Ade Maleu Lapa-el – Hoje fale-nos sobre Cancão, poeta extraordinário.
Papa – O poeta João Batista de Siqueira – Cancão, nascido em 05.05.1912 no sítio Queimadas, em São José do Egito (PE), para este cronista estará sempre na parte mais alta da primeira prateleira dos poetas que conheci, ouvi e tive oportunidade de ler reiteradas vezes.
O conteúdo da sua imensa obra é destaque sob qualquer tipo de análise e a a exigência dos maiores críticos da arte de fazer versos. Poderíamos ar dias declamando estrofes do velho poeta egipsiense, mas como nosso propósito e expor fragmentos das obras de cada poeta permitam-me divulgar estrofes extraídas aleatoriamente do poema “Fenômenos da Noite”, inserido no livro “São José do Egito – Musa do Pajeú”, de Terezinha Costa.
O sol além, muito além
mergulha no horizonte
seu derradeiro raio
ainda ensanguenta o monte
as águas brancas parecem
terem saudade da fonte.
Torna-se a floresta densa
e mais escura a ramagem
as árvores belas escondem
seus galhos entre a folhagem
nesta hora mansa e meiga
dorme tranquila a paisagem…
Centenas de pirilampos
já se vê na amplidão
como uma porção de loucos
de lanterninhas na mão
iluminado o caminho
sem saber pra onde vão…
Lá no campo o cedro velho
só lhe resta um galho torto
solitário olhando o céu
parece pedir conforto
ao menos que o cupim
não coma seu tronco morto…
Vê-se fora da igreja
fumaças “esbranquicentas”
que vão alta no espaço
rolando lentas, bem lentas…
São elas fumos sagrados
Das chamas das velas bentas.