Com oposicionistas barrados na Venezuela, Itamaraty manifesta preocupação com eleição

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela — Foto: Matias Delacroix/AP

O Ministério das Relações Exteriores manifestou nesta terça-feira preocupação com o andamento do processo eleitoral na Venezuela. Nas últimas horas, vieram à público notícias de que opositores ao regime de Nicolás Maduro, que concorre à reeleição, estão enfrentando problemas para registrar as candidaturas.

Foi o caso de Corina Yoris, candidata à presidência indicada pela Plataforma Unidade Democrática (PUD). Após diversas tentativas, ela não conseguiu se registrar para o pleito dentro do prazo estipulado, que terminou na noite da última segunda-feira.

“Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”, disse o Itamaraty, em nota.

As eleições presidenciais venezuelanas foram confirmadas para o dia 28 de julho, data de nascimento do ex-presidente Hugo Chávez, padrinho político de Maduro. O pleito foi agendado após pressão de alguns países, incluindo o Brasil, que agora diz acompanhar o desenrolar do processo com “expectativa e preocupação”.

Opositores de Maduro têm se queixado do aparelhamento da Justiça para bloquear candidaturas que representem alguma ameaça ao regime. É o caso da ex-deputada Maria Corina Machado, que também foi impedida de participar da disputa.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado de Maduro, sugeriu que a oposição no país vizinho parasse de “chorar”. As declarações foram alvo de críticas internacionais e também de uma resposta de Corina. Agora, a diplomacia brasileira sinaliza uma mudança de tom.

“O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”, completa a nota do Itamaraty.