PPAV – Aerodinâmica e Teoria de Voo – Unidade 11
Por Cmte Hiltinho (*)
Continuando…
11 – Dispositivos Hipersustentadores – são dispositivos utilizados para aumentar o coeficiente de sustentação. Já vimos que todo perfil tem um coeficiente de sustentação máximo, que não pode ser ultraado, devido ao aparecimento de um turbilhonamento no extradorso da asa quando esta atinge o ângulo de ataque crítico. Para aumentarmos consideravelmente o coeficiente de sustentação, fazemos uso dos dispositivos hipersustentadores, que são:
11.1 – Flap – é um dos dispositivos hipersustentadores mais utilizado nos aviões e serve para aumentar a curvatura ou o arqueamento do perfil, que aumenta o coeficiente de sustentação. O ângulo crítico do aerofólio diminui um pouco, pois o flap produz uma perturbação no escoamento que influencia o fluxo de ar no extradorso da asa. Além disso, o flap também funciona como freio aerodinâmico porque aumenta o arrasto do aerofólio. Os tipos mais comuns de flaps são: Flaps Simples, Flaps Ventral, Flaps com Fenda e Flaps Tipo “Fowler”.
11.2 – Slot – o slot é um dispositivo hipersustentador que também serve para aumentar o ângulo de ataque crítico do aerofólio. Consiste numa fenda localizada no bordo de ataque (parte frontal) da asa que suaviza o escoamento no extradorso desse aerofólio, evitando o turbilhonamento. Com isto a asa pode atingir ângulos de ataque mais elevados, ou seja, produz mais sustentação. Existe um tipo especial de Slot que fica recolhido durante o voo normal, só entrando em funcionamento quando é necessário. Esses Slots móveis são chamados de Slats. Tanto os Slots quantos os Slats têm uma desvantagem sobre os Flaps, pois embora permitam aumentar o coeficiente de sustentação, obrigam o piloto a erguer demasiadamente o nariz do avião, principalmente durante o pouso, prejudicando a visibilidade do piloto.
12 – Voo Horizontal, Voo Planado e Voo Ascendente – são as três manobras de voo amplamente estudadas no curso de Piloto.
12.1 – Voo Horizontal – é o tipo de voo nivelado, em velocidade constante, em que a Sustentação (L) é igual ao Peso (W) e a Tração da Hélice (T) é igual ao Arrasto (D), ou seja: L = W e T = D.
Em um voo horizontal, voando em alta velocidade, o ângulo de ataque da asa é pequeno, de apenas alguns graus. Porém, se a velocidade for reduzida, mantendo-se o voo horizontal, será necessário aumentar o ângulo de ataque. Em voo horizontal, a menor velocidade possível é conseguida quando o avião voa com o ângulo de ataque crítico. A essa velocidade dá-se o nome de velocidade de estol, porque o coeficiente de sustentação é máximo e o avião se encontra na iminência do estol, ou seja, prestes a perder a sustentação e cair. Mas ainda é possível manter o voo horizontal, desde que a velocidade seja aumentada para compensar a redução da sustentação.
(*) Hilton Batista de Oliveira (Hiltinho) é Engenheiro Civil, aposentado do Banco do Brasil e Piloto Privado de Avião. Escreve suas crônicas todas as segundas-feiras para o Blog PE Notícias.