“Evite água parada” é uma das mensagens mais difundidas quando o assunto é combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, zika e chikungunya, mas isso não é suficiente para a população brasileira, segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado nesta quinta-feira (24). O levantamento, feito com apoio da biofarmacêutica Takeda, mostrou que falta de percepção de que as doenças são graves, de engajamento junto à comunidade e acreditar que as medidas para eliminação, como limpar a caixa d’água, são ações trabalhadas atrapalham o envolvimento da população com medidas que realmente serão eficazes na luta contra o Aedes.
Para a pesquisa, foi realizada uma revisão da literatura e, em seguida, uma pesquisa de campo e entrevistas. Os dados foram organizados segundo os aspectos psicológicos, sociológicos e estruturais.
Foi assim que os pesquisadores encontraram os pontos sensíveis das campanhas e constataram que falar sobre água parada não é suficiente. O foco tem de ser em aumentar a percepção de risco em relação às doenças causadas pelo mosquito, principalmente para as crianças.
Surto de dengue no Brasil
De acordo com o de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde, foram notificados 6.545.062 de casos prováveis da doença e 5.680 mortes. Há 1.384 mortes em investigação.
Neste ano, o país bateu os recordes de episódios e mortes pela doença da série histórica, com dados desde o ano 2000. Em todo o ano ado, foram 1.658.816 de casos de dengue. Antes disso, a maior crise da doença tinha ocorrido em 2015, quando foram feitas 1.688.688 notificações. Em relação às mortes, o ano ado mantinha o recorde, com 1.094 óbitos, seguido por 2022, que registrou 1.053.
Outro ponto diz respeito ao investimento em esforços para que as pessoas adotem comportamentos preventivos. O melhor caminho seria apostar em infraestrutura e políticas públicas que diminuam não só os custos, caso da compra dos repelentes, mas também os esforços das ações preventivas.
“O senso comum diz que quando alguém tem uma informação sobre o que é bom para si próprio e sua família, adota um comportamento ou hábito. Mas há uma diferença entre o que as pessoas falam que fazem e os hábitos que efetivamente incorporam em suas rotinas diárias”, explicou, em nota, Luciana Phebo, chefe de saúde do Unicef no Brasil. “Fazer ou não fazer algo depende de uma enorme confluência de fatores, comportamentos, normas sociais, infraestrutura e o a políticas públicas. São esses aspectos que revelamos nesse estudo”, completa.