Dia do cuscuz: drive-thru no Recife vende até 50 potes por manhã e conquista quem não abre mão da tradição

Imagem de arquivo mostra o 'drive-thru' de cuscuz em 2019 — Foto: Reprodução/TV Globo

O Dia do Cuscuz é celebrado nesta quarta-feira (19). O prato, que é patrimônio imaterial da humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é tão popular no Nordeste que, no Recife, tem até mesmo “drive-thru” do alimento, para quem, na correria do dia a dia, não abre mão de saborear a iguaria tão amada.

A ideia do “drive-thru” veio das primas Ana Paula Andrade e Glícia Correia. Numa calçada na Rua Jerônimo Vilela, no bairro de Campo Grande, Zona Norte da cidade, elas vendem, toda manhã, cerca de 50 potes de cuscuz. O nome do local é “Alzira’s Cuscuzeira”, homenagem à avó das duas primas.

O cardápio até tem outras opções, como munguzá, mas não é nem de longe o mais procurado por quem a pelo local. A dupla acorda cedo, e já começa a produção às 3h. Às 5h, as duas já estão com o “drive-thru” a todo vapor, e assim seguem até as 9h30, quando o movimento esfria.

“As pessoas am, a gente atende e entrega os potes fechados de cuscuz e, para quem quer, um copo de café ou de suco, também em copos fechados. Temos uma mesa e cadeira para quem quiser comer no local, mas a maioria dos clientes está na correria e só paga e leva”, contou Ana Paula Andrade.

A ideia do “drive” veio da necessidade, mas se aliou à paixão pelo cuscuz. Ana Paula Andrade trabalhava numa empresa e via as pessoas pedindo comida no trabalho. Pouco antes da pandemia, ela foi demitida, e pensou em vender café da manhã e aproveitar esse mercado junto com a prima.

“Pensei em servir café da manhã já no trajeto das pessoas, e como o cuscuz era tão popular, resolvi fazer isso. O munguzá eu faço à noite, e o cuscuz eu faço de madrugada. Minha prima cozinha muito bem e faz a parte do recheio. O marido dela deixa ela na minha casa e a gente fica aqui até a hora de ir vender”, contou Ana Paula.

Entre os sabores dos recheios estão frango, carne, linguiça defumada e charque. A variedade de sabores só não é tão grande quanto a de clientes.

“Tem funcionário de fábrica, mecânico, ciclista, pessoas que trabalham em hospital, em ambulância de cidade do interior, motoristas de vans escolares… É sempre o pessoal que sai cedinho para trabalhar. Eu amo cuscuz, e é ele que me sustenta”, disse.

Para fazer as quase 50 porções de cuscuz que vendem, Ana Paula e Glícia usam cerca de seis pacotes de fubá. “Houve um tempo em que fornecíamos cuscuz para um rapaz botar no restaurante dele. Nessa época, usávamos até 10 pacotes”, afirmou Ana Paula.