Do trabalho para motorista de app ao saque-aniversário do FGTS, propostas de Luiz Marinho patinam

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, tem em comum com Lula a dificuldade de se aproximar das novas categorias de trabalhadores

O Globo

Enquanto faz uma ofensiva com programas de crédito para tentar atrair o apoio de microempreendedores e de autônomos que atuam em aplicativos, o governo Lula patina em iniciativas do próprio Ministério do Trabalho. Comandada pelo petista Luiz Marinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, a pasta não avançou em projetos como a regulamentação do trabalho de motoristas de aplicativos — promessa de campanha de Lula para um público visto como majoritariamente bolsonarista — e enfrenta divergências dentro do governo em projetos polêmicos, como acabar com o saque-aniversário do FGTS.

Em outra frente, as regras para entregadores nem chegaram a ser enviadas ao Congresso. A restrição ao trabalho em feriados também empacou.

Proposta em abril deste ano, a regulamentação da profissão de motorista de aplicativo desagradou à categoria e dividiu o governo. Foi considerada um “tiro no pé” por uma ala do Palácio do Planalto, que aponta problemas no texto, de articulação da proposta e no modo como foi comunicada.

No conteúdo, uma das críticas foi propor carga horária e contribuição previdenciária a uma categoria que rejeita a ideia de ser enquadrado por regras criadas pelo governo nos moldes do ado.

Integrantes do Ministério do Trabalho item que foi um equívoco acreditar que bastaria chamar líderes sindicais para a negociação do texto para que o setor estivesse representado.

Só quando o projeto já estava na rua a pasta se deu conta de que essas entidades não aglutinavam todos os interesses desses trabalhadores, o que rendeu críticas ao projeto e um bombardeio ao governo pela categoria nas redes sociais.

Já o grupo mais próximo ao ministro reconhece que era preciso um amadurecimento maior do projeto antes de lançá-lo, especialmente por mirar uma categoria considerada arredia ao governo petista.

Agora, o texto está parado na Câmara sem qualquer perspectiva de votação. Além disso, a pasta não conseguiu consenso para propor aos parlamentares regras para os entregadores.

Fritura interna

O desempenho de Marinho tem alimentado sua fritura por auxiliares próximos de Lula. Uma das críticas é que o ministro, o governo e até mesmo o Partido dos Trabalhadores (PT) não estão equipados para se comunicar com as novas categorias no mercado de trabalho, incluindo os pequenos empreendedores.