O Globo
Em mais um ime interno na Rede Sustentabilidade, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) atendeu um pedido do grupo da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e suspendeu a nomeação de delegados ligados à ex-senadora Heloísa Helena. Segundo decisão do desembargador Renato Sussel, esses representantes não integram o censo partidário divulgado pela Executiva estadual da Bahia.
“A eventual participação irregular dos delegados indicados pela Comissão Executiva Nacional poderá macular a validade das deliberações tomadas no âmbito da conferência plenária nacional do partido”, diz trecho da decisão.
A conferência estadual ocorreu no último sábado. Na ocasião, aliados de Marina afirmaram que o grupo da ex-senadora teria feito filiações em massa, sem antes consultar a direção estadual, violando as regras partidárias. Candidato da ministra para presidir o diretório nacional, Giovanni Mockus, celebrou a decisão:
— Essa decisão do TJDFT deixa claro que regras precisam ser seguidas e que não há espaço para manobras que desrespeitem o estatuto do partido. O que aconteceu na Bahia foi uma tentativa de burlar os processos internos, e a Justiça agiu para corrigir isso. Seguimos comprometidos com a transparência e a democracia dentro da Rede Sustentabilidade.
Os delegados em questão irão votar no próximo líder nacional do partido, disputa polarizada pelos grupos de Marina e Heloísa Helena que terá fim no próximo congresso nacional, entre 11 e 13 de abril.
Hoje no comando da sigla, os aliados da ex-parlamentar agora nutrem o desejo de que o atual secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, seja o próximo porta-voz. Já Marina lançou Giovanni Mockus.
O embate entre Marina Silva e Heloísa Helena simboliza a divisão no diretório nacional da Rede. As divergências entre as duas lideranças remontam a 2022 e estão relacionadas a visões distintas sobre a base teórica do partido. Enquanto Marina se declara “sustentabilista”, Heloísa defende o “ecossocialismo”, que associa a preservação ambiental à mudança do sistema econômico.
Outro ponto de conflito é a relação com o governo federal. Marina optou por integrar a gestão Lula como ministra do Meio Ambiente, enquanto Heloísa mantém uma postura crítica ao PT desde que foi expulsa da legenda, em 2003, após se posicionar contra a reforma da Previdência proposta no primeiro mandato de Lula.