Em seis meses de operação, ITA Transportes Aéreos acumulou dívida de R$ 180 milhões

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O empresário Sidnei Piva de Jesus está tentando vender a ITA Transportes Aéreos e com isso ar para a frente um ivo estimado em R$ 180 milhões contraído com aeroportos, empresas de leasing de avião, fornecedores, empresas de turismo, funcionários, ageiros e o próprio Grupo Itapemirim.

A empresa suspendeu as operações no dia 17 de dezembro, frustrando as férias de fim de ano de milhares de ageiros.

Segundo fontes ouvidas pela coluna Capital, do jornal O Globo, o empresário estaria negociando com dois fundos americanos de private equity, sendo que um deles já possui investimentos no setor de agronegócios no Brasil. No entanto, uma das condições impostas pelos dois fundos é a saída total de Sidnei da empresa.

Valor simbólico

Pela proposta que está na mesa de negociação, o fundo que levar, se levar, assumiria as dívidas da companhia aérea e pagaria um preço simbólico pelas ações de Sidnei.

O projeto prevê a implementação de um plano operacional bem mais enxuto e realista do que o desenhado pelo dono do Grupo Itapemirim em número de destinos e aeronaves em operação. Sidnei chegou a anunciar planos de operar 50 aviões já no segundo ano. Agora, o plano é manter seis aviões por pelo menos um ou dois anos.

A ITA ainda não rescindiu nenhum contrato de trabalho, mas está atrasando o pagamento dos funcionários. A dívida só com tripulantes é de R$ 7,5 milhões e corresponde a metade da folha de dezembro e metade do 13º.

A empresa também deixou um ivo de R$ 80 milhões em agens vendidas para datas futuras. Mas esses R$ 80 milhões não chegaram a entrar no caixa da companhia e, segundo fontes do mercado, estariam sendo estornados para os clientes pelas operadoras de cartão.

Avião no deserto

A dívida contraída pela ITA em seis meses de operação supera a dívida não fiscal do Grupo Itapemirim no Brasil, de R$ 167 milhões. O grupo de transporte rodoviário deve ainda US$ 15 milhões (R$ 79 milhões) para detentores de papeis da companhia no exterior, e outros R$ 2,2 bilhões para o fisco.

Além do ivo, um eventual novo investidor da ITA levará um certificado operacional (COA) — que no momento está suspenso —, um time de tripulantes e contratos de leasing de 7 aviões. A empresa tem apenas um par de slots (autorizações em horários de pouso e decolagem) em Congonhas, sobre os quais tem direito de uso até março. Dos 7 aviões, dois estão estacionados no deserto do Arizona e outros três estão a caminho do estado de Arkansas. No entanto, os contratos ainda não foram encerrados.

Se o negócio for mesmo para frente, não se descarta inclusive mudar o nome da empresa, que ficou desgastado com o fim repentino da companhia.

Um eventual novo investidor vai encontrar ainda um ambiente bastante desafiador. Além das incertezas sanitárias por conta de variantes da Covid-19, a nova companhia vai concorrer com três empresas que devem sair da pandemia muito mais eficientes após negociarem contratos com diversos fornecedores.